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Projeto ‘Adote um vencedor’ leva emoção e sonhos ao campo
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 10/05/2019 19:28
Crianças e adolescentes que esperam por adoção visitam centro de treinamento do Fluminense e vão ao Maracanã

De tão ansioso pelo amanhecer da sexta-feira (10/5), o adolescente Ruan Braga (foto), de 15 anos, atravessou a madrugada insone. Mas, ao raiar do dia, o sorriso no rosto do adolescente confirmava a certeza de que valera a pena sonhar acordado. Estava, enfim, a caminho do Centro de Treinamento Pedro Antônio, na Barra da Tijuca, para assistir a um treino do Fluminense. Assim como Ruan, outras 62 crianças e jovens assistidos pelas Varas da Infância, da Juventude e do Idoso do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) também seguiram, de diferentes pontos do estado, para o CT Tricolor.

A visita da garotada é mais uma ação do projeto ‘Adote um vencedor’, firmado entre o Poder Judiciário e o clube carioca para dar visibilidade à adoção tardia. Neste sábado (11/5), o grupo vai assistir ao clássico Fluminense x Botafogo, no Maracanã. E parte deles entrará em campo ao lado dos jogadores. Chegam ao gramado e às arquibancadas com o coração aberto para torcer pelos ídolos e para receber o amor de uma família.

E é com esse momento que sonha o jovem Ruan. Morador de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, ele gosta de jogar bola como lateral-direito. Seu quarto no abrigo para menores onde vive é descrito como um museu do Fluminense, com fotos e quadros do clube adornando o local. Nesta sexta, ele foi um dos primeiros a colocar o uniforme da campanha ‘Adote um Vencedor’ e mal via a hora de entrar em campo para conhecer seus heróis.

- Esse é o melhor lugar que eu poderia estar. Eu gosto muito do Pedro e estou empolgado para vê-lo. Meu sonho é um dia ver ele marcar um gol com um cruzamento meu – disse, eufórico.

Um dos mais agitados do grupo, Ruan andava pra lá e pra cá pelo CT. Esperava, ansioso, o fim do treino para entrar em campo e correr atrás do centroavante tricolor. Queria ser o primeiro a abraçar o jogador admirado. E já vislumbrava o placar no Maraca: 2x0 para o Flu, com gols de Pedro e Luciano.

- É muito gratificante, é um sorriso sincero, bom de se ver. Nós sabemos que somos um espelho para eles, como uma imagem do futuro que eles podem alcançar. A gente tenta dar o exemplo e torcemos para que eles encontrem carinho em novas famílias – afirmou o camisa 9, que elogiou o projeto.

Para o técnico Fernando Diniz, o futebol é uma das maiores manifestações culturais brasileiras e tem um potencial enorme para difundir boas práticas e iniciativas. Ele, que recebeu um abraço apertado e emocionado de uma criança enquanto posava para fotos, disse que a parceria entre o Fluminense e o TJRJ pode ser o início de uma iniciativa ainda maior.

- O Fluminense está cumprindo seu papel social como um dos grandes clubes do Brasil. Um dos papéis que o futebol pode desempenhar é acolher as crianças e dar a elas atenção e carinho. A gente precisa chamar a atenção para o abandono das crianças no país e eu espero que mais clubes possam aderir ao projeto – pediu.

 

Adoção tardia

De acordo com dados do Cadastro Nacional de Adoção, nove em cada dez crianças e adolescentes disponíveis para adoção têm entre oito e 17 anos, motivo de preocupação para o Poder Judiciário. Como apenas uma em cada dez famílias está disposta a adotar alguém com essa característica, o ‘Adote um Vencedor’ foi criado como estratégia para superar o gargalo. A ideia é dar visibilidade à adoção tardia, incentivar a mudança do perfil das famílias habilitadas e, assim, dar para essas crianças o lar que tanto sonham.

O presidente da Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas da Infância, da Juventude e do Idoso (Cevij) do TJRJ, juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, lembrou que a parceria começou com a 1ª Vara da Infância, com o juiz Pedro Henrique Alves, e foi elogiada e abraçada pela Cevij.

- Nosso trabalho é mudar paradigmas. A gente quer sensibilizar e mudar a imagem dessas crianças. Então, a nossa estratégia é providenciar encontros para que os pretendentes possam conhece-las e, quem sabe, mudar o perfil do filho desejado - disse.

De acordo com o magistrado, se menos de 20% dos pais trocassem de perfil em relação aos filhos que desejam adotar, a fila da adoção tardia chegava ao fim. Ele citou casos de outras ações realizadas por clubes brasileiros que foram bem-sucedidas a ponto de todas as crianças envolvidas terem sido adotadas depois dos pais conhecerem a realidade da adoção no Brasil.

- O nosso trabalho é dar todas as informações e apoio necessário para que os pais possam fazer uma escolha de forma consciente. Conhecendo todas as possibilidades e informações qualificadas, as pessoas podem mudar de opinião e adotar uma criança ou um adolescente que não tenha as características mais buscadas – explicou o juiz.

O prefeito de Itaboraí, Sadinoel Souza, e o secretário de desenvolvimento social do município Estevan Simão também participaram da visita ao Centro de Treinamento. Além de Ruan, outras três crianças da cidade integram o projeto.

JGP/FS

Fotos: Brunno Dantas