Autofit Section
Histórias de adoção: emoção, debate e reflexão no Antigo Palácio da Justiça
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 20/05/2016 17:08

Ana Carolina, Mariana, Moisés, Juan e Kayliane. Cinco irmãos adotivos de duas famílias que tiveram suas histórias contadas na quinta-feira, dia 19, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), no evento “Histórias de Adoção – O desafio do grupo de irmãos”, realizado no Antigo Palácio da Justiça. O encontro foi inspirado no nono episódio da série do canal GNT "Histórias de adoção". Após a exibição do programa foi a vez de debate reunindo a juíza Mônica Labuto, da 3ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, a psicóloga do TJRJ Eliana Bayer e Ana Amélia Macedo, uma das idealizadoras da série. A mediação foi de Mauro Ventura, diretor da Diretoria-Geral de Comunicação e de Difusão do Conhecimento (DGCOM) do TJRJ.

Ana Carolina e Mariana estavam presentes no evento, acompanhadas dos pais, Maria Bethânia e Renato. Os quatro foram aplaudidos de pé por suas histórias de vida. O pequeno Moisés, caçula da família, ficou em casa. Mas, de acordo com Renato, não faltou vontade de acompanhá-los ao Tribunal.

Renato contou que Moisés, sempre curioso e atento, perguntou onde ficava o Tribunal do Rio e o que eles iriam fazer lá. O pai respondeu que era no Centro, que eles iriam para uma conversa de adultos e que ele não iria gostar de ficar lá. Mas o menino continuou reticente e, ao saber que o tema da conversa era adoção, se empolgou: “Eu deveria ir, então, eu sei tudo sobre isso”.

A mãe, Maria Bethânia, contou que o debate e o programa não só orgulham a família, mas também ajudam a esclarecer alguns pontos sobre adoção. Segundo ela, ainda há muito o que aprender.

“Nós ficamos muito felizes por sermos um exemplo, e fazemos questão de divulgar com carinho a mensagem bonita que traz uma adoção. Ainda há muita desinformação sobre este tema, as pessoas têm um pouco de medo, mas não há nada que aconteça na nossa família que não aconteça também em famílias com filhos biológicos. Eu só lembro que sou mãe adotiva quando me perguntam, pois é tudo muito natural e normal”, avaliou Maria Betânia.

A juíza responsável pelo caso, Mônica Labuto, comentou que o processo foi complicado, já que os irmãos não estavam no mesmo abrigo.

“Quando conseguimos as famílias adotivas (dois dos irmãos ficaram com outro casal), a recepção foi positiva. As duas famílias se conheceram, viraram amigas e até hoje os cinco irmãos têm contato. O trabalho foi muito difícil, pois a gente não conseguiu avaliá-los ao mesmo tempo e fazer a análise adequada. Eles são muito ligados e é preciso que esse laço seja mantido”, afirmou a magistrada.

Entre muitas histórias e experiências vividas na Vara da Infância, a juíza destacou que o tema da adoção tem melhorado no Brasil, mas que ainda é preciso avançar na questão dos grupos de irmãos. É necessário pôr as crianças em primeiro lugar e levar em conta suas vontades e desejos na hora da decisão. 

A psicóloga Eliana Bayer destacou a importância da equipe técnica para um processo de adoção. Segundo ela, o relatório apresentado ao final do acompanhamento e análise com as crianças e a família postulante é fundamental não só para a decisão de um juiz, mas principalmente para a felicidade e o bem-estar da criança. 

“A equipe técnica é essencial em todas as fases do processo de adoção. Nós lidamos com todo mundo, desde o juiz e o promotor até as partes interessadas, e transformamos tudo o que apuramos em um relatório que serve de base para que o juiz decida o caso. Nosso estudo precisa ser muito bem fundamentado a fim de que a criança se sinta bem e confortável com a situação”, detalhou.

Eliana disse que o trabalho cotidiano na Vara de Infância obriga a equipe técnica a lidar com histórias duras e tristes, mas ressaltou que os casos de adoção se tornam motivo de prazer, orgulho e alegria quando conseguem um lar decente para as crianças.

“Botar uma criança numa família boa, num ambiente favorável para seu desenvolvimento e sua felicidade é a nossa cereja no bolo. Os casos de adoção renovam nossa alegria. É muito prazeroso. Essa é a nossa grande recompensa”, afirmou.

Programa sobre adoção tem feito sucesso

Mauro destacou que o debate é uma forma de esclarecer pontos importantes sobre o processo de adoção.

“Este evento integra um programa maior, que é o Adoção em Pauta, esforço concentrado do Judiciário fluminense para conseguir uma família para crianças e adolescentes abrigadas. É um tema muito importante e que está na ordem do dia. Ainda tem muito ruído e desinformação sobre o assunto, e tivemos a preocupação de trazer pessoas que estão diretamente ligadas ao processo de adoção para ajudar a elucidar o tema”, avaliou.

A ideia do programa, feito pela produtora TV Zero e exibido pelo GNT, foi do casal Ana Amélia e Roberto Berliner, que dirige a série. Os dois são pais adotivos de duas crianças. Eles se inspiraram na própria história.

“Roberto e eu sempre gostamos deste assunto, até por causa dos nossos filhos. A gente queria encontrar histórias bonitas e inspiradoras sobre adoção. E nosso objetivo, além de entreter e contar histórias legais, foi tentar abrir a cabeça das pessoas em relação à adoção”, disse.

Ela contou que a recepção do público tem sido positiva e que novas famílias têm procurado a direção do programa e do canal para participar e contar suas histórias.

O debate foi promovido pela Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas da Infância, da Juventude e do Idoso (CEVIJ), coordenada pela juíza Raquel Chrispino, e pela DGCOM. O evento do TJRJ faz parte das comemorações do Dia Nacional de Adoção, a ser celebrado no próximo dia 25 de maio.

JGP/FB

Galeria de Imagens