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Unidade Lucinha Araújo é inaugurada na Tijuca para receber crianças e adolescentes do abrigo Ayrton Senna
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 07/07/2016 16:28

Lucinha Araújo se descreve como uma mulher de poucas palavras, mas de muitas ações. E foi por causa das ações e da militância pelos Direitos Humanos que ela foi homenageada, dando nome ao abrigo para crianças e adolescentes inaugurado nesta quinta-feira, dia 7, numa casa no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro.

A Unidade de Reinserção Social Lucinha Araújo é a segunda instituição que passa a funcionar no Rio destinada a receber os acolhidos do abrigo Ayrton Senna, localizado no Lins do Vasconcelos, também na Zona Norte, e que teve o seu fechamento determinado no início do ano pelo juiz Pedro Henrique Alves, titular da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital. Mais três casas serão inauguradas pela Prefeitura do Rio.

Aos 80 anos, Lucinha participou da abertura do novo espaço e não escondeu a satisfação em fazer parte da vida das crianças. “Eu não trabalho para ser reconhecida, mas é muito bom quando somos reconhecidos. Até cheguei à conclusão de que sou mais vaidosa do que pensava”, disse Lucinha, rindo. “Temos certeza de que esse trabalho vai dar certo”, concluiu.

Mãe do cantor e compositor Cazuza, falecido há 26 anos, Lucinha Araújo lembrou que a data da inauguração da casa se tornou ainda mais especial, pela coincidência em ter sido no mesmo dia e mês da morte do filho. “É um dia de muita saudade, mas tem alguma coisa de muito espiritual também”, comentou sobre a coincidência.

O juiz Pedro Henrique Alves participou da solenidade de inauguração da unidade, e destacou o trabalho em conjunto entre o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) e órgãos públicos, como o Ministério Público e a Prefeitura Municipal, para a proteção dos direitos das crianças nos últimos anos.  “Eu acredito nesta forma de trabalho. É a partir das parcerias que vieram todos os benefícios”, afirmou.

O magistrado disse ainda que o abrigo Ayrton Senna não tem mais condições de acolher as crianças e adolescentes como se deve, mas vê perspectiva de melhoras com as novas instituições. “O fechamento do abrigo Ayrton Senna significa uma mudança de filosofia. As instituições já melhoraram, tanto em quantidade quanto em, principalmente, qualidade. E as próximas instituições inauguradas terão que ser sempre iguais ou melhores”, comentou. O juiz acrescentou também que, desde que assumiu a 1ª Vara da Infância, já percebeu mudanças que lhe dão essa esperança.

A Unidade Lucinha Araújo abrigará 20 crianças, com faixa etária de 9 a 12 anos, a partir desta quinta-feira. As crianças transferidas da Ayrton Senna já haviam visitado o novo lar para conhecer o espaço. Para a diretora da nova casa, a assistente social Luciana Rosa Braga, a inauguração da unidade em um ambiente como esse traz um conceito familiar, com mais proximidade entre os acolhidos e os educadores.

“É impossível cuidar de 100 crianças em um mesmo lugar. Em uma instituição grande a gente não tem a troca de experiências que teremos aqui. Agora, muda-se a estrutura e também o trabalho”, disse Luciana, ressaltando que a proximidade é importante também para conhecer a história de cada criança.

A equipe que trabalhará na unidade terá seis educadores em trabalho diurno e o mesmo número em noturno, além de dois assistentes sociais, três psicólogos, pedagogo e outros funcionários da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social.

Também participaram da cerimônia de inauguração o vice-prefeito do Rio de Janeiro, Adílson Pires, os subsecretários de Desenvolvimento Social, Rodrigo Abel e Hélio Aleixo, servidores da secretaria e representantes do conselho tutelar.

Casa nova e proprietário feliz

O espaço da casa, onde funcionará a Unidade de Reinserção Social Lucinha Araújo, foi elogiado por todos. Com estrutura nova e decoração que remetem à música e às composições de Cazuza, a casa foi descrita também pela diretora como bastante ampla e arejada, ideal para as crianças.

O proprietário do imóvel, o advogado Alessandro Freitas, havia comprado a casa há dois anos para transformar em um hostel, mas o projeto não foi para frente. A locação, no entanto, foi a saída para gerar renda, e agradou pelo destinação que foi dada.

“Fiquei feliz com a ideia. Eu acredito nas instituições. Acho importante que as crianças sejam acolhidas. O contrato de aluguel é de dois anos, renováveis, mas se quiserem ficar para sempre, assim será”, afirmou Alessandro.

GL/PC