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CCMJ cria programação virtual e bate recorde de atendimento ao público
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 24/12/2020 09:23

O Museu da Justiça – Centro Cultural do Poder Judiciário (CCMJ) atendeu, até novembro passado, cerca de 75 mil pessoas, um recorde na série histórica. Os dados são compilados desde 2017, ano de restruturação do CCPJ, que foi unificado ao Museu da Justiça, e demonstram a tendência de crescimento registrada desde o ano passado. O número reflete o valor das exposições e atividades do CCMJ e a importância da cultura diante de um cenário de temores e incertezas.  

Aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19, a administração do CCPJ respondeu com criatividade e inovação, já que as unidades que integram o conjunto cultural do Poder Judiciário fluminense não puderam receber público desde março, início do período das medidas de contenção à disseminação do novo coronavírus.  

De acordo com o diretor do CCMJ, Sergio Ricardo von Sydow, as ferramentas tecnológicas foram fundamentais para manter e aproximar visitantes e pesquisadores, sem precisar fazer novas contratações ou aumentar os custos.  

- A solução encontrada foi atender os pesquisadores por e-mail, disponibilizando os documentos digitalizados no terminal de consulta no portal do CCMJ, criar uma programação virtual e transformar programas que originalmente eram presenciais em versões on-line. Assim nasceu o ‘CCMJ com Você’, proporcionando ao público programas transmitidos “ao vivo” e gravados, com acesso de casa ou pelo celular - explica.  

 

‘CCMJ com Você’ inova com a oferta de 15 atividades

O ‘CCMJ com Você’ é uma iniciativa criada para expandir o acesso à agenda virtual do Centro Cultural, com 15 atividades, programas ao vivo e gravados, que foram produzidos durante o período, para que pudessem ser acessados de casa por qualquer plataforma.  

Dentre essas atividades está a mostra “Café, Riqueza e Escravidão: A Insurreição de Manoel Congo”, com documentos judiciais de uma das maiores rebeliões escravas do Rio de Janeiro. Os processos históricos, que foram restaurados, contam a história do passado escravagista de Paty do Alferes no século XIX e da resistência e da luta dos negros contra a opressão. A atividade destaca a importância da preservação e análise crítica de documentos históricos como forma de construir um presente digno e democrático.  

O Programa de História Oral resgata, preserva e divulga a história recente do Poder Judiciário através de depoimentos das pessoas que ajudaram a construir a memória da Justiça e da sociedade do Rio. As entrevistas com personalidades como os desembargadores Índio Brasileiro da Rocha, Sergio Cavalieri Filho e o historiador Flavio dos Santos Gomes, convidado especial no mês da Consciência Negra, estão disponíveis aos públicos interno e externos na página do CCMJ, no portal do TJRJ, e a íntegra (transcrita ou em formato audiovisual) é acessada por meio de solicitação ao SEATA através do correio eletrônico ccmj.seata@tjrj.jus.br

- O CCMJ buscou na inovação a sua reinvenção. Sem a possibilidade de receber público presencial buscamos soluções virtuais para reconexão com as pessoas e, assim, cumprir com a nossa missão de preservar e difundir a memória do judiciário e disseminar, por meio da cultura e da arte, valores de justiça -  ressalta Sergio Ricardo von Sydow.  

A visita virtual ao Antigo Palácio da Justiça, com passeios pelo Tribunal Pleno, o Salão Histórico do I Tribunal do Júri e outras salas, também fez parte da programação, assim como a série de documentários sobre a Justiça no Estado do Rio e no Brasil. Ao longo do ano, o CCMJ Música apresentou concertos como o Duo de Piano Hirsch-Pinkas, com clássicos de Mozart, Schubert, entre outros; a homenagem em comemoração ao aniversário do maestro Heitor Villa-Lobos; e o Duo Madri, com as violonistas Adriana Ballesté e Mara Lúcia Ribeiro.  

 

Curso livre de pintura no ‘Fazendo Arte por Toda Parte ‘

O projeto ‘Fazendo Arte por Toda Parte’ trouxe criatividade, alívio e inovação com o curso livre de pintura. As aulas, ministradas pela artista plástica Isabel Francisco, são publicadas no YouTube duas vezes por semana, dando continuidade ao trabalho proposto na aula anterior. O projeto foi criado por Isabela Francisco em parceria com a juíza Juliane Beyruth de Freitas Guimarães, da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de São Gonçalo, para crianças em abrigos e em cumprimento de medidas socioeducativas. 

- A ideia é trazer um pouco de fantasia para vidas tão pesadas. A arte alimenta nossa alma e nós precisamos dela para viver -  afirma a artista. 

A juíza Juliane ressalta que muitas das crianças que participam do projeto foram abandonadas, sofreram com violência física e psicológica, e nunca tiveram a oportunidade de visitar um museu de arte. Ela defende a arte como forma de resgatá-las, explorando seu potencial criativo para criar e compreender suas identidades. 

- O projeto é uma forma de levar um pouco de arte e de toda esta dimensão lúdica a eles, principalmente neste momento de tantas incertezas e angústias que estamos vivendo. É extremamente positivo para elas este contato com o mundo da arte, em quaisquer de suas expressões – avalia a juíza.

- Com as medidas de isolamento muitas crianças e adolescentes têm experimentado sensações de tédio, ociosidade, incerteza e angústia, de modo que esta foi uma forma que encontramos para levar um pouco de arte para as suas rotinas, abrandando estas angústias. Assim, eles se sentem amparados, cuidados e passam a ter a noção de que, embora com alguns percalços e adaptações, os seus sonhos, as suas atividades e os seus projetos de vida não precisam parar completamente em razão da doença – completa Isabela Francisco. 

 

Atendimento a três mil pesquisadores

Em 11 meses, o CCMJ atendeu mais de 3 mil pesquisadores, com mais de 3 mil acessos aos documentos digitalizados. Durante o período, também foram realizadas 278 pesquisas históricas para a realização de exposições, publicações e atendimento interno e externo. Foram restauradas três pinturas a óleo que integram o acervo do Centro Cultural, concluídas a conservação e o restauro de mais de 7 mil folhas que correspondem a 170 volumes de processos e livros de registro, e a digitalização de mais de 28 mil imagens, preservando o arquivo e disponibilizando os documentos aos pesquisadores.   

 

Programação 2021

De acordo com Sergio von Sydow, o público recebeu muito bem a programação virtual oferecida pelo Centro Cultural durante 2020. Na Pesquisa de Satisfação do Usuário, mais de 97% das avaliações foram positivas. Para o próximo ano, já está programada a exposição virtual “Um olhar artístico sobre Deocleciano”, sobre a carreira e a obra de Deocleciano Martins de Oliveira Filho, que além de magistrado foi também escritor e artista plástico. O 3º volume do Catálogo de Desembargadores do Estado do Rio de Janeiro (República – Parte 2: 1946 a 1975) será publicado. 

Uma nova mostra de documentos judiciais também está prevista, divulgando o acervo histórico do Poder Judiciário do Rio. As apresentações musicais também continuarão a ser produzidas, gravadas sem público e respeitando as normas sanitárias de prevenção ao Covid-19.  

- Daremos continuidade aos programas de prevenção à violência contra mulher Conversas, Literatura, Fazendo Arte por Toda Parte, Visitas Virtuais, Documentários, Objetos que Contam Histórias e Encontros especiais. O CCMJ fará parte do Livro Caminhos do Brasil Memória apresentando o Antigo Palácio da Justiça do Rio de Janeiro. As práticas virtuais atualmente implementadas continuarão a conviver com a programação presencial, ampliando o campo de atuação do CCMJ – adianta o diretor.  

JGP/FS