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TJRJ homenageou as mulheres pelo 8 de março
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 08/03/2021 16:04

Era janeiro quando Marília França finalmente decidiu fazer uma tatuagem. Superando os receios de preconceitos e julgamentos com o desenho no corpo, ela fez um leão com um filhote, que representa sua filha, Mirela, de sete anos. “Sempre achei o leão um animal muito forte, muito simbólico. E é a leoa que protege a alcateia, que caça e ensina os filhotes. Eu adoro ver aquelas imagens de leão na internet, protegendo e fortalecendo as crias”, contou. Marília trabalha como recepcionista no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) há dois anos e, como todas as funcionárias, colaboradoras e mulheres que passaram pelo Fórum Central nesta segunda-feira (8/3), recebeu uma flor em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. A data é celebrada desde o século XX, com origens operárias, quando mulheres foram às ruas na Europa e nos Estados Unidos para reivindicar melhores condições de trabalho e de vida. 

Ela agradeceu o gesto e o presente, lembrando que o Poder Judiciário tem um papel importante no combate à violência de gênero e na garantia dos direitos das mulheres. De acordo com ela, por trás das violências físicas há sempre a violência simbólica e psicológica, numa tentativa de calar as mulheres e é preciso que a Justiça esteja atenta e preparada para auxilia-las. “O preconceito e a violência ainda são muito fortes, e precisamos mostrar todo dia que somos capazes de ocupar qualquer lugar. Avançamos um pouco com leis específicas, como a do feminicídio, no combate à violência. Isso nos dá mais segurança, mas ainda há muito a fazer”, afirmou. 

 

 

De acordo com Marília, a violência estrutural contra as mulheres é tão grande que elas sequer poderiam se tatuar sem receber olhares tortos. Ela denunciou a sociedade machista e preconceituosa, que julga os gostos, prazeres e aparência das mulheres como forma de diminui-las e controla-las. “Nós somos muito mais do que nossas maquiagens, roupas e as músicas que a gente gosta. Nosso valor vai além disso e não podemos ser julgadas pelo jeito que nós somos. A gente pode ser uma mãe excelente, uma trabalhadora competente e não é nossa aparência que vai nos limitar e dizer o que podemos”, disse. 

A funcionária ressaltou que a luta feminista é antiga e reconheceu que, em alguns pontos, as reinvindicações foram atendidas, melhorando parcialmente a vida das mulheres da sua geração. Contudo, ela destacou  que a luta por direitos e respeito é constante, com os ideais sendo transmitidos entre as gerações. Marília faz questão de ensinar sua filha que, apesar da idade, consegue entender um pouco do que lhe é passado. Emocionada, contou que assim que chegou em casa após fazer a tatuagem, sua filha logo apontou para a leoa filhote perguntando se era ela. 

“Nosso dia é todo dia, mas essa não é uma data qualquer, é especial e simbólica. É mais uma oportunidade para a gente denunciar as diferenças e preconceitos que seguem diminuindo as mulheres, e dar mais força umas às outras para que sigamos lutando pelos nossos direitos”, afirmou. 

Pela passagem de mais um Dia Internacional da Mulher, Marília fez  apenas dois pedidos: respeito e dignidade. Contente com as campanhas de conscientização que têm surgido nos últimos anos, ela tem esperança de que sua filha tenha muitos motivos para celebrar essa data comemorativa. “Ainda há muita coisa para mudar, mas eu espero e torço para que a geração dela acabe de uma vez com todas com a violência contra as mulheres, porque isso não pode persistir”, completou. 

JGP/MB 

Fotos: Brunno Dantas/TJRJ