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Dia da Consciência Negra e Copa do Mundo 2022: momento de reflexão sobre o racismo
Notícia publicada por DECCO-SEDIF em 18/11/2022 19:06

Na data na qual é celebrado o Dia da Consciência Negra e, se inicia a Copa do Mundo de Futebol de 2022, é necessário refletirmos sobre o racismo presente nos esportes e, mais especificamente, no futebol.

Considerado popularmente “o país do futebol”, e, por décadas, por vários autores do âmbito da sociologia como uma “democracia racial”, o Brasil continua expondo seus atletas a episódios de racismo explícito, sobretudo, em estádios onde torcidas, recorrentemente, insultam jogadores, chamando-os de macacos. Como Carvalho1 nos adverte: “A ideia do povo negro como macaco é a síntese do racismo científico e de toda barbárie e violência que daí decorre”. O insulto é uma humilhação pública, cujo objetivo é ensinar a subordinação, ou seja, uma forma de colocar o “outro em seu devido lugar”, lembrando que a função do insulto não é acusar, mas sim evocar um estigma, um papel socialmente desvalorizado2.

O estigma serve para diferenciar um grupo social de outro, de forma a inferiorizá-lo3. Estigmatizar racialmente uma pessoa é ação em que se evidenciam hierarquização e dominação, causa danos, provoca marcas sociais, pois: “Marca-se e demarca-se o corpo sem o uso direto da violência física, por meio do açoite da injúria ou da impressão a fogo pela piada” 2 (grifo próprio).

Segundo o “Relatório anual da discriminação racial no futebol”4, no ano de 2021, foi alcançada a marca de 64 incidentes raciais, sendo 37 somente em estádios. Até quando vamos aceitar que isso continue ocorrendo?

Neste dia 20 de novembro de 2022, quando iniciamos o evento esportivo mais importante para o futebol, além de nos identificarmos como o “país do futebol”, é essencial nos conscientizarmos de que somos responsáveis pelo que acontece com nossos jogadores negros, afinal, como nos ensina Lilian Thuram: “Se você admitir ser responsável, é um bom começo, porque não acontece novamente. Se, em vez disso, ninguém se sente responsável… nada muda. ”4

Vamos ao hexa!

HA/WL

Referências

CARVALHO, M. “Precisamos falar sobre racismo”. In:  Relatório anual da discriminação racial no futebol 2021 / Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Museu da UFRGS - Porto Alegre: Museu da UFRGS, 2022.

SALES JR., R. “Democracia racial: o não-dito racista”. Tempo Social [online]. 2006, v. 18, n. 2 pp. 229-258. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-20702006000200012.

ELIAS, N.; SOCTSON, J. L. Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro, Zahar, 2000.

BRASIL, Observatório da Discriminação Racial no Futebol.  Relatório anual da discriminação racial no futebol 2021 / Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Museu da UFRGS - Porto Alegre: Museu da UFRGS, 2022.

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