- Museu da Justiça
- Aconteceu no Museu
- 2023
- 14/09/2023 - Troca de Livros com participações artísticas
Troca de Livros - Integração entre as equipes do TJRJ
O Projeto Troca de Livros segue integrando as equipes do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Na edição especial deste mês, que ocorreu no dia 14, o colaborador Henrique Leite, do SEAGC, apresentou um texto autoral, com a interpretação de Weliton Oliveira, da equipe da Direção do Museu.
Recebeu também o servidor da Comarca da Capital do TJERJ, e escritor, Winter Bastos que apresentou o seu livro de contos Prisões de Estimação, lançado em 2019 pela editora Itapuca.
A arte segue a nos inspirar, ajudando a compreender melhor o mundo e colaborando para a pacificação social.
Siléa Macieira
Diretora do Museu da Justiça
Segue a baixo o texto completo do Henrique Leite:
Palavras
Palavras são a minha vida! E quando colocadas em papéis, são a minha alma!
O tamanho delas nem sempre indica a importância... Enquanto: Deus, vida, amor, possuem apenas 4 letras; preconceito, hostilidade e assassinato possuem 11...
As palavras têm poder, e por isso, devemos sempre bendizer ao invés de amaldiçoar, abraçar ao invés de atacar, perdoar e não odiar! Aliás, ódio também tem 4 letras, mas nesse caso, é melhor pensar em sexo, que também tem 4 letras e faz bem... ódio não!
Oficialmente eu nasci em 1455, na Alemanha, mas eu e minha família já habitávamos o mundo bem antes disso. De lá pra cá, somos milhões espalhados pelo mundo. Falamos todos os idiomas existentes e até aqueles que caíram em desuso. Desde o nosso nascimento, lhes fazemos companhia... Lembram da estória da Chapeuzinho Vermelho? Da Cinderela? Da Branca de Neve e as sete pessoas com nanismo? Sim, fomos nós que contamos essas e outras estórias para as suas avós e elas contaram para as suas mães e assim chegaram até vocês.
Estamos juntos com vocês, do Jardim de Infância à Faculdade, lhes preparando para a vida. Juntos, nós vivemos lindas histórias de amor... Suspenses eletrizantes, tentamos descobrir o assassino... será que foi o mordomo? Mostramos a face destruidora das guerras, mas revelamos o lado doce da paz! E ainda assim, têm pessoas que não nos dão valor...
Lembro que uma vez, ao passar de carro numa rua deserta, num dia chuvoso, me deparei com um irmão meu, caído num canto da rua. A chuva caindo sobre ele, que me olhava como que pedindo socorro... Desesperado, pedi que o motorista parasse o carro, mas ele parecia não me ouvir... Tentei chamar a sua atenção de todas as formas possíveis, mas ele parecia estar em transe e não me ouvia, apenas acelerava. O carro foi se afastando e meu irmão ficou para trás. Não pude socorrê-lo, era tarde demais! E triste, imaginei ele morrendo aos poucos, se desfazendo naquele aguaceiro. Adeus! 5 letras e um triste significado.
Outro episódio muito triste me veio à memória... Certa vez, muitos dos nossos foram jogados nas fogueiras do fascismo, e assim, Freud, Karl Marx, Albert Einstein, Nietszche, entre tantos outros, foram queimados. Uma tentativa de privar o mundo das nossas palavras, dos nossos pensamentos...
Mas o que eles, os nossos algozes, não previam, é que as nossas palavras não queimaram naquelas chamas fascistas, nossas palavras já tinham sido imortalizadas em vossos corações.
O tempo passa e a evolução chega... E acreditem, nós entendemos isso... desde que isso não decrete o nosso fim.
De uns tempos pra cá, surgiram uns parentes que vivem tentando tomar os nossos lugares. Eles são muito parecidos conosco... Têm o mesmo conteúdo, o mesmo tamanho, porém são digitais. Vocês não podem tocá-los, beijá-los, segurá-los nas mãos...
Eles possuem nomes estranhos... e-book, pdf, doc... Mas eles não têm papel! E no nosso mundo, quem não tem papel, não tem alma! Podem existir, mas nunca poderão tomar o nosso lugar! Por isso, leiam! Leiam! Leiam... Nos leiam!
Pois cada vez que suas mãos nos abrem, as letras se alvoroçam e, como elétrons, geram energia em nossas páginas e se transformam em palavras... Palavras são nossa alma...
Prazer, me chamo livro!
Henrique Leite
O público pode participar do Troca de Livros, trazendo um livro, em bom estado, e levando outro, de seu interesse.
No Museu da Justiça de Niterói, o evento ocorre às terças-feiras, e, na sede do Museu da Justiça, no Rio de Janeiro, as trocas podem ser realizadas, sempre, às quintas-feiras.