Hora da reconstrução: ação de tribunais ajuda moradores de Paracambi atingidos por cheias
Uma semana depois de ter perdido “tudo” o que havia no interior da casa onde mora no Jardim Nova Era, em Paracambi, município da Região Metropolitana do Rio, por conta das chuvas que castigaram a cidade, o pedreiro Ronaldo de Fátima Escolástico deu início, na manhã desta quarta-feira (28/2), a reconstrução mais importante dos últimos anos: a da própria vida.
Segurando nas mãos as duas “ferramentas” com as quais perseguirá seu objetivo, a 2ª via da certidão de nascimento e do CPF, o pedreiro, nascido há 56 anos em Paracambi, esteve entre as dezenas de pessoas atendidas na ação conjunta promovida pelo Fórum Permanente do Poder Judiciário no Estado do Rio (Fojurj) ao longo da quarta-feira em auxílio aos moradores de Paracambi atingidos pela tragédia. O atendimento aconteceu na Praça Prefeito Délio Bazilio Leal.
A iniciativa do Fórum, integrado pelo TJRJ, TRF2, TRT1 e TRE-RJ, contou ainda com a participação da Defensoria Pública, RCPN, Detran-RJ, órgãos do Estado e do Município de Paracambi, entre outros. Por conta do mutirão, os moradores do município puderam tirar novos documentos, dar entrada em pedidos de auxílios como o aluguel social, fazer inscrição no CadÚnico – que permite acesso a programas como o Bolsa Família e tarifa social de energia, por exemplo – e se candidatar a uma vaga de emprego. No ônibus da Justiça Itinerante do TJRJ também era possível resolver ações de reconhecimento de paternidade, pensão alimentícia, divórcio, entre outras.
“Primeiro tirei a 2ª via da minha certidão, depois a do título de eleitor e agora o CPF. A melhor coisa que nos aconteceu foi ter a Justiça aqui hoje nos ajudando”, disse Ronaldo, que já com os documentos em mãos planeja voltar às atividades. “Já construí muita coisa aqui. Agora é voltar ao trabalho”, completou.
Com o mesmo objetivo Denilson Faria de Almeida, de 54 anos e desempregado, juntou-se ao grupo que foi à praça, ainda empoeirada pela lama ressecada que impregnou o espaço e boa parte do município. “Perdi todos os meus documentos na enchente. A água chegou na altura de dois metros. Eu não estava em casa e quando consegui voltar estava tudo perdido: documentos, móveis, roupas”, contou o morador da localidade conhecida como BNH, que além dos documentos novos espera obter doações para recompor o lar.
Secretário-geral de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do TJRJ, Antonio Ligiero esteve no mutirão e destacou que a ação conjunta tem por objetivo atender não apenas Paracambi, mas também outros municípios atingidos por fortes temporais na Região Metropolitana, como Nova Iguaçu e Japeri.
Pelo TJRJ participaram ainda da ação os juízes Patrícia Fernandes de Souza Brasileiro, titular da Vara Única de Paracambi; Lysia Mesquita, titular da 1ª VIJI da Capital; e Andre Souza Brito, da Vara Cível do Méier.
Munida de documentos e protocolos, Maria Cristina de Medeiros Silva, 48 anos, chegou cedo à Praça Prefeito Délio Bazilio Leal. Ela conseguiu salvar os documentos, mas está correndo atrás de aluguel social pois sua casa, na localidade do Quilombo, foi destruída pela queda de um barranco. “Minha casa é própria e acabou. Estou em busca de ajuda há dias. Não tenho para onde ir e vim aqui em busca do aluguel social”, explicou Maria ao chegar à fila do cadastro.
FS/AB
Fotos de Brunno Dantas