Do passado ao futuro: 35 anos de história e de realizações do Museu da Justiça do Rio
Em 1974, o então presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Nelson Ribeiro Alves, sonhou com um espaço diferente, que pudesse acolher, guardar e estudar peças históricas para o Poder Judiciário do Estado. Assim surgiu a comissão que daria origem ao Museu da Justiça. Após juntar diversos artigos relevantes e a unificação dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, a ideia pôde, finalmente, se concretizar. E, em 23 de agosto de 1988, o Museu da Justiça do Rio, situado na Praça da República, em Niterói, era inaugurado com a exibição da mostra “Magistratura e Abolicionismo”.
Ao longo dos anos, o museu ocupou diferentes espaços em Niterói. Até que, em 1995, o Museu da Justiça de Niterói se estabilizou no lugar que tinha sido inaugurado. E, em 1999, um novo Museu da Justiça do Rio passou a ocupar o edifício que abrigou os Tribunais de Justiça do Distrito Federal, do Estado da Guanabara, e o Tribunal de Alçada Criminal do Estado do Rio de Janeiro, localizado na Rua Dom Manuel, no Centro do Rio. E os propósitos da instituição permaneceram firmes: realizar estudos sobre o Judiciário, montar exposições e preservar peças de alto valor histórico.
Com mais de 30 mil itens, o Museu da Justiça reúne em seu acervo indumentárias, esculturas, pinturas, medalhas, moedas, além de processos civis e criminais valiosos. Para a diretora do museu, Siléa Macieira, a importância de conservar viva a memória do Judiciário está em possibilitar o conhecimento às gerações futuras. “Na primeira amostra de quadros realizada pelo museu na gestão do presidente do TJRJ, desembargador Ricardo Cardozo, pensei sobre a principal missão deste lugar. Nosso mister é a preservação porque preservar é garantir aprendizado ao futuro. É permitir, no presente, que o passado se apresente para nos encantar”, declarou.
Um ano de realizações
Em 2023, o Museu da Justiça celebrou muitas conquistas e avanços. Foram mais de 330 atividades, que reuniram 10.680 participantes. Só as exposições “Mostra de Quadros Restaurados”, “Arte + Sustentabilidade”, “Maria Collares, A Desembargadora Verde”, “Justiça da Infância e da Juventude – 100 anos”, “I Mostra Artística e Literária”, “Consciência e visibilidade: caminhos de luta por liberdade” e “450 anos de Niterói – o Palácio da Justiça como testemunha do desenvolvimento urbano” renderam quase 3 mil visitas aos espaços, além de 3.140 pessoas que participaram das visitas guiadas.
O “Troca de Livros”, programa que foi retomado em 2023, acumulou 74 sessões e movimentou quase 1.500 pessoas. Além das edições tradicionais, o programa também fez encontros especiais com temas pautados nas efemérides do calendário, como o “Liberté, Égalité, Fraternité” na semana da Tomada da Bastilha na França, em julho, e o “Especial da Consciência Negra”, em novembro. O museu organizou, também, oficinas voltadas para a promoção da educação, da cultura, da arte e da estética - que juntas acumularam dezenas de participantes. A instituição firmou, ainda, 50 parcerias com instituições internas e externas, que alcançaram 2.430 pessoas.
Por oito dias, o Museu da Justiça contou com uma sinfonia diferente vinda do programa “Música no Museu”, onde grandes instrumentistas, como Eliane Salek, Cecília Guimarães, Alda Leonor, Heber Leite Miguel e Cláudio Vettori, se apresentaram para mais de 300 pessoas. O programa “Museu Convida” promoveu 15 encontros presenciais e virtuais com palestrantes renomados para 443 participantes.
E, no meio digital, a instituição inovou lançando, através do Serviço de Redes Sociais (Assessoria Especial de Imprensa), o “Coisas de Museu”, vídeos de um minuto para as redes sociais, apresentando artefatos do acervo. Até o momento, os nove episódios reúnem mais de 160 mil de visualizações.
E para 2024, o que podemos esperar?
“Nós estamos passando por um processo de revitalização capitaneado e orientado pelo desembargador Ricardo Cardozo. Serão criados espaços expositivos com o objetivo de alcançar mais pessoas. Terá a sinalização adaptada para deficientes, leituras em braile, fones de ouvido e outras tecnologias que permitam uma inclusão maior do público”, apontou a diretora Siléa Macieira.
A meta, para a diretora, é que a expansão promova um maior poder de preservação e resgate da memória, ao mesmo tempo em que as artes e as atividades propostas dialoguem com a contemporaneidade. Além das mudanças estruturais pelas quais passará, o Museu da Justiça objetiva, em 2024, entrar para o Corredor Cultural do Centro do Rio.
*KB sob supervisão de MB
Fotos: Felipe Cardoso/TJRJ