Quem sente na pele apresenta depoimentos de quem sofreu xenofobia
“Atitudes, preconceitos e comportamentos que rejeitam, excluem e frequentemente difamam pessoas com base na percepção de que são estranhas ou estrangeiras à comunidade, sociedade ou identidade nacional.” Assim, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) define a xenofobia. Esse é o tema do novo episódio do “Quem Sente na Pele”, que traz depoimentos de um magistrado e dois funcionários do TJRJ que já enfrentaram atitudes preconceituosas devido às suas origens culturais.
De acordo com o relatório “Refúgio em Números” do Ministério da Justiça e Segurança Pública, apenas em 2023, no Brasil, foram feitas 58.628 solicitações de refúgio, provenientes de 150 países. As principais nacionalidades solicitantes em 2022 foram venezuelanas (50,3%), cubanas (19,6%) e angolanas (6,7%).
O analista administrativo Adelino Chipengue Francisco é angolano, da província de Luanda, município de Cacuaco. No vídeo, ele relata que chegou ao Brasil há dez anos e sofreu discriminação nos primeiros anos: “No início, tive algumas dificuldades e percebi o comportamento negativo de algumas pessoas. Isso me afetou bastante. Hoje, trabalho na Presidência do Tribunal de Justiça, onde me senti acolhido. É uma questão histórica: sou o primeiro africano a trabalhar na Presidência do Tribunal do Rio.”
Maria do Socorro Oliveira da Silva, auxiliar de serviços gerais, é natural de Lavras da Mangabeira, no interior do Ceará. Em seu depoimento, ela conta que veio para o Rio de Janeiro em 1981 para trabalhar como doméstica e enfrentou muito preconceito: “Eu não tinha carteira assinada e trabalhava de domingo a domingo, mas ficava pouco tempo em cada casa, porque as pessoas achavam que eu não sabia falar direito, que eu não sabia trabalhar direito. Me chamavam de ‘paraíba’.”
“Nós, que viemos de fora, seja de outro país ou de outra região, dificilmente deixamos de sofrer algum tipo de preconceito ou discriminação”, destaca o desembargador Luciano Silva Barreto, que também é cearense, do distrito de Aracatiaçu, município de Sobral. O magistrado deixa uma mensagem ao final de seu depoimento: “Vamos tratar as pessoas como seres humanos, independentemente da cor da pele, da origem ou da questão cultural.”
Quem Sente na Pele
O projeto “Quem Sente na Pele” é uma série de vídeos promovida pelos COGENs e produzida pelo Departamento de Comunicação Interna (DECOI) por meio da Divisão de Mídia e Audiovisual (DIMAU). A série apresenta depoimentos de magistrados(as) e servidores(as), relatando situações vivenciadas no dia a dia, relacionadas a temas como discriminação, preconceito, desigualdade e vulnerabilidade, entre outros.
A iniciativa atende às determinações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio dos COGENs, Comitês criados a partir da Resolução do CNJ nº 351, de outubro de 2020.
Assista ao episódio "Xenofobia" do projeto “Quem sente na pele”:
Departamento de Comunicação Interna