Neurociência e empreendedorismo social marcam último dia de palestras do FestLabs
Como aplicar a ciência do cérebro para incentivar a inovação no Poder Judiciário? Essa foi uma das questões apresentadas nas palestras que lotaram o Tribunal Pleno Ministro Waldemar Zveiter na manhã desta sexta-feira (13/9), o último dia do 4º Encontro Nacional dos Laboratórios de Inovação do Poder Judiciário (FestLabs).
A neurocientista Carla Tieppo, pioneira na aplicação da ciência do cérebro no desenvolvimento humano e organizacional, explicou: “A neurociência pode nos orientar sobre o nosso processo de tomada de decisão, sobre as resistências às mudanças. Todos os processos que impedem a renovação ocorrem, justamente, porque muitas vezes as pessoas estão adaptadas a um modelo de trabalho. Elas acreditam tanto nesse modelo que têm dificuldade de aderir a novas práticas que, obviamente, no início, trarão erros e poderão ser mais morosas”, destacou.
“Essas resistências podem ser trabalhadas, melhor compreendidas, quando nós entendemos a dinâmica do funcionamento cerebral e as perspectivas, inclusive das interferências emocionais, no nosso processo de tomada de decisão”, pontuou.
“Uma feira de inovação como essa (FestLabs) discute muitas possibilidades, e cabe a cada um dos setores admitir isso como uma nova prática. O trabalho conjunto e a interligação dos setores da Justiça é o caminho. A neurociência pode discutir sobre o que provoca a resistência e o que pode acelerar essa adoção”, concluiu a neurocientista.
Empreendedorismo social
A palestra seguinte foi ministrada pelo engenheiro Matheus Cardoso, que criou uma empresa de reformas para pessoas de baixa renda, e já atendeu moradores de várias capitais do país.
“No Brasil, uma em cada cinco pessoas tem problemas de saúde em função da moradia”, disse o engenheiro. Ele contou que decidiu criar a empresa Moradigna a partir de uma memória da infância. Morador do Jardim Pantanal, na periferia de São Paulo, Matheus conviveu durante anos com enchentes que tornavam sua casa insalubre. O palestrante explicou que a empresa faz com que a reforma seja acessível, uma vez que oferece material, mão de obra e gestão da obra por um preço médio de R$9.500 reais, parcelado em até 12 vezes.
O engenheiro apresentou casos de clientes que, antes da Moradigna, nem pensavam que poderiam reformar suas casas. “Faltam no nosso país políticas públicas, projetos para manutenção de residências. Temos muitas iniciativas para construção de novas casas, mas da porta para dentro não temos, por isso temos esse grande número de pessoas que moram em condição de insalubridade. Pequenas intervenções podem mudar a vida de uma pessoa”, destacou Matheus.
Ao final da palestra, ele ressaltou: “O Moradigna não é uma empresa de palestras. É uma empresa de reformas. O cachê que eu recebo nas palestras é direcionado para obras de famílias que não têm condições de pagar valor algum”.
Fotos: Rosane Naylor
Departamento de Comunicação Interna