Prêmio Emerj Consciência Negra 2022 consagra personalidades com o Troféu Esperança Garcia
Reconhecida pela Ordem dos Advogados do Brasil do Piauí (OAB/PI) como a primeira advogada piauiense, Esperança Garcia teve uma vida marcada pela indignação e pela coragem de resistir contra a desumanidade da sua época.
Em homenagem a esse símbolo da luta contra o racismo e pela igualdade de raça, gênero e classe social no Brasil, a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj) criou o Prêmio Emerj Consciência Negra, que entregará o Troféu Esperança Garcia, em solenidade que ocorrerá presencialmente no Auditório Emerj Antônio Carlos Amorim, no 4º andar do Palácio da Justiça, no próximo dia 22 de novembro, às 17h.
Participarão da solenidade a desembargadora Cristina Tereza Gaulia, diretora-geral da Escola; o desembargador Claudio Luis Braga Dell´Orto, membro do Conselho Consultivo da Emerj; e o juiz André Luiz Nicolitt, presidente do Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais da instituição.
Nesta edição, a Escola homenageará quatro personalidades da sociedade civil reconhecidas em suas trajetórias de vida por ações efetivas na defesa dos direitos raciais no Brasil.
Os premiados
Elisa Lucinda - Reconhecida no meio musical e da dramaturgia por seus trabalhos no cinema, na televisão e no teatro, a homenageada é atriz, jornalista, escritora e cantora. Em 2020, foi premiada no Festival de Cinema de Gramado pelo filme “Por que Você Não Chora?”.
Sua carreira começou na telenovela “Kananga do Japão” e, após outras participações na TV Manchete e no SBT, chegou à TV Globo, onde interpretou importantes personagens nas novelas. Com 35 anos de profissão, Elisa Lucinda se consolidou como um dos maiores nomes na difusão da arte produzida por pessoas negras do país.
Altay Veloso - Cantor, compositor e guitarrista, começou sua carreira aos 21 anos nas bandas O Ranch e Bando do Bando, que abriram portas para sua jornada. Em 1980, gravou seu primeiro disco autoral, intitulado “O Cantador”. Nos anos seguintes, lançou “Sedução” e “Paixão de d’Artagnan”.
Em sua carreira, Altay Veloso emplacou trilhas sonoras de novelas da Rede Globo e foi convidado para se apresentar no festival de jazz de Montreal por três anos consecutivos. O artista produziu músicas para outros cantores renomados, como Elba Ramalho, Vanusa, Roberto Carlos, Jorge Aragão, Wando, Alcione, Emilio Santiago, Jorge Vercillo, Belo, Alexandre Pires, entre outros, totalizando mais de 450 canções.
Sueli Carneiro: Filósofa, escritora e ativista antirracismo do Movimento Negro brasileiro, Sueli Carneiro é uma das principais referências da discussão do feminismo negro no Brasil e das cotas raciais nas universidades brasileiras. Possui mais de 150 artigos publicados em jornais e revistas, além de 17 livros relacionados ao tema.
Por seu trabalho, foi vencedora do Prêmio Itaú Cultural em 2017, do Prêmio Benedito Galvão em 2014, do Prêmio Direitos Humanos da República Francesa, do Prêmio Bertha Lutz em 2003 e do Prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth.
Claudio Jorge - Em seus 50 anos de carreira, o guitarrista, violonista, compositor e cantor atuou em diversos setores da atividade musical brasileira. Sua trajetória começou aos 20 anos, quando atuou como violonista de compositores importantes da Velha Guarda, como Ismael Silva, Cartola, Nelson Cavaquinho e Clementina de Jesus.
Suas composições já foram gravadas por intérpretes importantes da MPB, tais como: Emílio Santiago, Elymar Santos, Ângela Maria, Alaíde Costa, Zeca Pagodinho, Elza Soares, Zezé Mota, Jorge Aragão, Martinho da Vila, entre outros. Seu trabalho mais recente, “Samba Jazz”, recebeu o Grammy Latino na categoria “Melhor disco de samba”.
Quem foi Esperança Garcia?
Esperança Garcia foi uma mulher escravizada no século XVIII em Oeiras, município a 300km de Teresina. Nasceu na Fazenda Algodões, propriedade que pertencia a padres jesuítas, onde aprendeu a ler e escrever. Com a expulsão dos catequistas e a transferência da fazenda para senhores de escravos, foi separada dos filhos e do marido para ser enviada a outras terras.
Com a situação vivida, escreveu uma carta na qual relatava os maus tratos sofridos por ela, por outras mulheres e homens em uma fazenda da região. O documento foi encontrado em 1979 pelo historiador Luiz Mott, no arquivo público do Piauí, quando realizava sua pesquisa de mestrado.
Escrita em 1770, a carta foi reconhecida como uma petição após 247 anos, em 2017. De acordo com pesquisadores, Esperança Garcia tinha apenas 19 anos quando escreveu o documento reivindicando direitos ao governador.
Dossiê Esperança Garcia
Fruto da pesquisa feita pela Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB/PI, composta por juristas e historiadores, o “Dossiê Esperança Garcia: Símbolo de Resistência na Luta pelo Direito” aponta, entre suas principais conclusões, que ao escrever a carta, Esperança Garcia se reconheceu e atuou como membro de uma comunidade política, pedindo aquilo que lhe era de direito segundo ordenamento jurídico da época.
Prêmio Emerj Consciência Negra
Troféu Esperança Garcia
AUDITÓRIO EMERJ ANTÔNIO CARLOS AMORIM
Rua Dom Manuel, s/n - 4º andar, Lâmina I – Centro – Rio de Janeiro /RJ
Vagas limitadas à capacidade do auditório.
Inscrições para participação presencial pelo link :
https://emerj.jus.br/evento/inscricao_horaInscricao.php?codEvento=8255