Fórum do Méier promove Círculo de Acolhimento para mulheres vítimas de violência doméstica
As facilitadoras Daniela Fusaro e Alice Dubauskas posam com a juíza Cláudia Márcia Vidal
A cada dez brasileiras, três já foram vítimas de violência doméstica em 2023, segundo a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher realizada pelo Instituto DataSenado. Só no Rio de Janeiro, aproximadamente 125 mil já foram vítimas de algum tipo de violência, de acordo com o Dossiê Mulher, que utilizou dados do Instituto de Segurança Pública. O crime mais notificado no estudo foi a violência psicológica, que reuniu mais de 43 mil casos.
E foi para atender essa população em situação de vulnerabilidade que o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania do Méier (CEJUSC), com o apoio da juíza Cláudia Márcia Gonçalves Vidal, diretora do Fórum do Méier, organizou o 4º Círculo de Acolhimento para mulheres vítimas de violência doméstica. O encontro, realizado na última sexta-feira (9/8), teve como tema “Autoestima, autovalorização e autoconfiança” e foi mediado pela facilitadora Daniela Fusaro e pela co-facilitadora Alice Dubauskas.
O propósito da ação é construir espaços de diálogos seguros e livres de julgamento, além de dar voz às participantes, de acordo com a facilitadora Daniela Fusaro. “Essa roda tem o objetivo de acolher e oferecer um espaço de escuta para essas pessoas que, em muitos casos, não tem com quem compartilhar porque se sentem sozinhas e isoladas”, destacou a idealizadora do círculo.
O isolamento faz parte de um contexto de violência e, ao lado da culpa e o medo, faz com que a vítima tenha vergonha de buscar ajuda, como conta a co-facilitadora Alice Dubauskas. “Cada mulher tem a sua história e o medo, o isolamento, a vergonha e a culpa impedem as vítimas de procurarem o poder policial e o Judiciário. Mas elas precisam saber identificar situações de perigo e procurar ajuda”, afirmou.
“Essa, sem dúvida, é uma das partes mais difíceis de fazer: identificar as situações de violência”, complementou a juíza Cláudia Márcia Vidal. “Essas situações são muito naturalizadas e até romantizadas na nossa sociedade desde a infância. Um exemplo são os filmes infantis, que induzem a ideia que a princesa deve se inferiorizar para caber ao lado do homem, como em ‘Ariel’”, concluiu.
A Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, que está completando 18 anos neste mês, foi um marco na luta feminina no Judiciário porque promoveu direitos que asseguram a segurança, cidadania e dignidade de mulheres, que assim como Maria da Penha Maia Fernandes em 2006, também sofreram violência doméstica.
KB/FS
Fotos: Felipe Cavalcanti