4ª Vara Criminal da Capital ouve últimas testemunhas do processo do sequestrador da Rodoviária
O juízo da 4ª Vara Criminal da Capital encerrou a fase de depoimentos das testemunhas do processo do sequestrador Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, que fez 16 reféns na Rodoviária do Rio, em março deste ano.
Na audiência de instrução e julgamento realizada nesta segunda-feira (19/8), foram ouvidas as últimas quatro testemunhas. No momento do interrogatório, o réu Paulo Sergio de Lima optou por permanecer em silencio.
Ao final da audiência, foi aberto prazo para o Ministério Público e Defensoria Pública, pelo acusado, se manifestarem em alegações finais para, em seguida, retornar ao juízo para definição da sentença.
Depoimentos
O primeiro a prestar depoimento foi o petroleiro Bruno Lima da Costa, de 34 anos, atingido por três disparos, na clavícula, na altura do coração e próximo ao baço. Apesar de residir em Juiz de Fora, ele preferiu ser ouvido presencialmente.
Bruno contou que tinha descido do ônibus, que tinha apresentado defeito e não conseguia dar a partida e que, de repente, ouviu três disparos e muitos gritos. Disse que ficou em estado de choque e que só percebeu que tinha sido atingido quando avistou uma mulher caída, que também tinha sido atingida.
Durante o depoimento, Bruno, a pedido do Ministério Público, tirou a camisa para mostrar as marcas dos disparos que o atingiu, além das cicatrizes das várias cirurgias que teve que se submeter durante os 54 dias em que ficou internado. Ele contou que retornou às atividades profissionais somente na última sexta-feira (16/8).
A segunda testemunha a depor, desta vez por videoconferência, foi a vítima Ariane Ribeiro Amorim, uma das reféns do sequestrador. Ela contou que tentou sair do ônibus após ouvir os disparos, mas que o Paulo Sérgio a impediu e a levou para os fundos do ônibus.
“Ele disse para eu ficar com o corpo colado ao dele, pois se a polícia atirasse, atingiria os dois”, contou.
Ariane também contou que Paulo Sergio a mandou fazer, com o próprio celular, uma chamada de vídeo para o marido dela, para mostrar que ele estava com a refém. Como o marido não atendeu, o sequestrador gravou um áudio e um vídeo para Ariane enviar para o marido.
“Depois de muito tempo de negociação ele concordou em se entregar, mas falando, novamente, que eu tinha que ficar com o corpo colado ao dele, disse Ariane, que também contou que Paulo Sérgio, antes de se entregar abriu sua bolsa e jogou algo nela. Depois ela soube, pela polícia, que se tratava de um montante em dinheiro.
Ao encerrar o depoimento, Ariane contou que, atualmente, se submete a tratamento psicológico e psiquiátrico, além de fazer uso de medicamentos para ansiedade e depressão.
Também por videoconferência, a terceira testemunha a depor foi a vítima Carlos Felipe Sanglard Torres, atingido por estilhaços de vidro do ônibus provocados pelos disparos. Ele foi seguido pela Major Alexandra Valéria Vicente da Silva, última a depor. Psicóloga do Bope, ela falou sobre sua atuação, acompanhando a equipe de negociadores que atuaram para a rendição do sequestrador.
Processo nº 0037033-79.2024.8.19.0001
JM/MB