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1ª VIJI realiza mutirão de requalificação civil para crianças e adolescentes em parceria com a ONG Minha Criança Trans
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 25/10/2024 19:49

 

 

As requalificações foram acompanhadas por por pais e responsáveis das crianças e adolescentes

 

Dezoito crianças e adolescentes de diversos estados do Brasil se reuniram no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (25/10), para mudarem seus nomes e gêneros na identidade. O mutirão foi realizado pela ONG Minha Criança Trans em parceria com a 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso no Rio de Janeiro. As audiências foram realizadas pela juíza Lysia Maria Rosa Mesquita, titular da 1ª Vara da Infância, ao lado dos magistrados André Souza Brito e Cláudia Maria Motta.
 
A mudança, segundo a juíza Lysia, visa promover a cidadania e o reconhecimento da identidade das crianças transexuais. “Ter a identidade de gênero com o qual eles se identificam reconhecida socialmente é algo que traz segurança e dignidade. É importante que a mudança seja feita quando criança ou adolescente para não perpetuar o sofrimento dessa população até a maioridade, devido às mudanças que o corpo vai passar.”
 
A ONG Minha Criança Trans foi criada em novembro de 2022, atende aproximadamente 700 famílias em todo o Brasil e já requalificou 310 crianças e adolescentes, de 4 a 17 anos. “Essa iniciativa surgiu a partir de um grupo de mães que tinham filhos transexuais. As necessidades de uma criança nesse contexto são muito específicas e na ONG elas e as famílias têm um acompanhamento e apoio psicológico”, afirmou Mônica Cavalcanti, vice-presidente da ONG.
 
Do total do grupo atendido nesta sexta-feira, nove integrantes se requalificaram como gênero feminino; sete como masculino, e dois como não-binários.
 
Na entrada do Edifício Desembargador Bulhões Carvalho, na 1ª VIJI, uma menininha com saia de tule rosa corria pelo jardim. É a Raissa*, de 4 anos de idade. A mãe e a prima a observam de longe, enquanto contam como foi a descoberta de ter uma criança trans. “Morávamos no Canadá, mas quando cheguei ao Brasil, a Raissa começou a verbalizar que era uma menina, com cerca de 3 anos e meio. Então busquei ajuda e informação para entender essa nova realidade”, disse a mãe.
 
Enquanto aguardava ser atendido, sentado ao lado de sua mãe no degrau da escada, o pequeno gaúcho chamado Miguel, de 10 anos, contou a expectativa que tem com a mudança de nome. “Para mim, esse dia significa muito porque eu vou poder trocar de nome e ser feliz. Nunca mais vou sofrer bullying e nem ser chamado de ‘menininha’ como acontecia no prezinho.”
 
Ao lado dos pais, Patrícia, de 14 anos, lembrou como foi se identificar como uma adolescente trans. “Eu me reconheci como menina mesmo há dois anos, mas a minha mãe já percebia isso muito antes. Meu pai também, mas tentava disfarçar. Desde que quis mudar de nome, a minha transição está sendo bem tranquila porque a minha família me apoiou em tudo e sou muito grata a eles por isso”.
 
“Lembro que, quando percebi uns comportamentos diferentes da minha filha Patrícia, comecei a inventar artimanhas para tentar disfarçar: escondia roupa feminina, escondia brinquedo. Mas, chegou um momento em que isso não funcionava mais. Ele nasceu um menino, então é muito novo para mim ter uma filha, mas estou disposto a aprender a me adaptar com essa nova realidade porque o amor é incondicional”, declarou o pai.
 
Segurando as lágrimas e a mão da mãe, Vicente, de 17 anos, contou como o apoio da mãe foi importante para aceitar sua identidade de gênero. “Parece que eu estou nascendo de novo. Esse processo foi difícil para mim porque eu nunca tive uma referência assim ao redor de mim e a minha família demorou um pouco para me aceitar. Mas a minha mãe, que foi a primeira pessoa que soube, me abraçou muito forte e me acolheu.” 
 
*Os nomes dos menores de idade são fictícios.

KB/FS

Fotos de Brunno Dantas