Caso Marielle Franco e Anderson Gomes: começam os debates entre acusação e defesa
Durante sustentação oral, promotor Fábio Vieira pede condenação dos réus
Na fase de debates, o Ministério Público pediu a condenação dos réus pelos dois homicídios cometidos contra Marielle Franco e Anderson Gomes, e pelo terceiro tentado contra Fernanda Chaves, além da clonagem do carro, em todos os quesitos. Os promotores apresentaram provas como o histórico de buscas na internet feitas por Ronnie Lessa antes e depois do crime e ressaltaram que a delação de Ronnie Lessa não colaborou para a realização do julgamento, pois já haveria provas suficientes contra ele.
Para o MP, a intenção dos réus era matar todos os ocupantes do veículo por motivo torpe, devido à atuação política de Marielle relativa à questão do solo urbano. O promotor destacou também que Élcio sabia que mataria uma vereadora e que o crime seria cometido naquele dia 14 de março de 2018.
A assistência de acusação afirmou que Marielle representava a favela tendo voz e que isso não é admitido no Brasil. Destacou que o futuro foi tirado de Marielle e Anderson e que a questão fundiária foi o motivo central do crime, devido ao projeto da vereadora de áreas de habitação para a população de baixa renda.
Foram mostradas fotos de família de Marielle e Anderson e ressaltado que os réus, após o crime, passaram a madrugada bebendo e comemorando o feito. Os jurados tiveram acesso às fotos dos corpos das vítimas e da análise pericial da trajetória das balas, o que comprovaria, segundo a acusação, que a intenção era matar todos dentro do carro. Foi citada ainda a frieza com que Ronnie Lessa se gabava de ser um excelente atirador e que matar por dinheiro era apenas um negócio.
Advogado de Ronnie Lessa pede que a condenção seja justa
Pela defesa de Ronnie Lessa foi pedido que ele seja condenado de forma justa, que “não pague pelo que não fez”. Defendeu ainda que a intenção era matar apenas Marielle, negando que ela tenha sido morta por sua atuação política e que tenha sido usado recurso para impedir a defesa das vítimas.
Já a defesa de Élcio destacou que ele mantinha uma longa amizade com Ronnie, por quem era ajudado financeiramente após sua expulsão da Polícia Militar (PM), e que, por isso, Ronnie teria se sentido à vontade para pedir que Élcio conduzisse o carro usado no crime. Foi alegado que sua culpa seria menor do que a de Ronnie, pois Élcio não conhecia Marielle, e Ronnie teria dito a ele que a motivação da morte era pessoal e, não, política.
A defesa afirmou ainda que Élcio acreditava que apenas Marielle seria morta, já que Ronnie era avaliado por ele como um “exímio atirador”. Foi mencionado ainda que foi Ronnie quem se apropriou do carro, tinha sua guarda e posse, e terminou pedindo que Élcio “seja condenado na medida da sua culpabilidade”.
PF/SF/MB
Fotos: Brunno Dantas e Felipe Cavalcanti/TJRJ