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Peça “Absolvição” estreia no TJRJ trazendo reflexões sobre moralidade, vingança e justiça
Notícia publicada por Secretaria-Geral de Comunicação Social em 06/08/2025 15h47

                                                                                 O ator Andriu Freitas em cena durante a peça

O teatro tem o poder de nos fazer confrontar verdades incômodas e, ao mesmo tempo, nos deixar sem respostas definitivas. “Absolvição”, inspirada na obra de mesmo nome do autor irlandês Owen O’Neill, é uma produção que desafia o espectador a refletir sobre questões como moralidade, vingança e justiça.

Nesse contexto, na noite de terça-feira, 5 de agosto, o Centro Cultural do Poder Judiciário (CCPJ) promoveu a primeira apresentação da curta temporada do espetáculo na Sala Multiuso do edifício Desembargador Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Outras sessões serão realizadas nesta quarta-feira, 6 de agosto, e nos próximos dias 11, 13, 18 e 20, às 18h30.

A trama aborda temas como justiça e saúde mental ao denunciar violências extremas contra a infância, especificamente, os crimes de abuso sexual e pedofilia. Explora também questões como a impunidade desses crimes, incentivando reflexões sobre culpa, punição e, sobretudo, a busca por justiça com as próprias mãos.

De acordo com a presidente do CCPJ, desembargadora Cristina Tereza Gaulia, o principal objetivo do Centro Cultural ao promover apresentações teatrais no ambiente do Tribunal é tornar discussões sobre essas temáticas acessíveis a todos aqueles que integram o Poder Judiciário - não apenas os magistrados, mas, também, servidores, colaboradores, entre outros.

Além disso, a desembargadora destaca como a peça gera uma reflexão sobre o papel do Judiciário dentro da sociedade. “Peças como essa mostram as falhas das instituições, que é uma reflexão que a gente tem que fazer. Nós, como Judiciário, somos uma instituição fundamental para a sociedade. Então, temos que estar sempre refletindo, e fazendo, eventualmente, um mea-culpa sobre determinadas coisas, sensibilizando nossos profissionais”, acrescentou.

                                               A desembargadora Cristina Tereza Gaulia destacou a relevância da peça

“Absolvição” é um monólogo interpretado pelo ator Andriu Freitas, que conta que seu processo de preparação foi desafiador devido ao “peso” e à “escassez” do material estudado, buscando ouvir relatos de casos reais. “Uma das coisas que mais me atraiu para esse texto é justamente a falta de informações sobre o assunto. Por ser um ambiente delicado, às vezes é muito velado e, até mesmo, espinhoso de se trabalhar. Além de o principal aspecto ser uma crítica social sobre a pedofilia na igreja, também tem a camada da saúde mental, sobre o que a pessoa faz com a própria dor”, contou.

Dirigida por Daniel Herz, a peça sofre poucas mudanças em relação ao seu texto original, apenas alterando a ordem de acontecimentos. “A gente fez uma montagem muito lúdica, muito poética com uma leitura realista do cenário. Essa ludicidade que colocamos na montagem acaba sendo um fator de equilíbrio nesse peso do tema. Tem uma teatralidade que faz com que o público não fique só carregando peso nas costas do tema”, completa o diretor.

                           O ator Andriu Freitas (ao centro), o diretor Daniel Herz (à esquerda) e os demais integrantes da equipe da peça

A psicóloga da Vara Especializada em Crimes Contra a Criança e o Adolescente Gabriela Fructuoso, que acompanhou a performance da plateia, elogiou o evento por disponibilizar um espaço cultural para falar sobre esses temas, possibilitando “sair do ambiente de trabalho e refletir sobre a vida”. Na sua trajetória profissional,  Gabriela conta que já lidou com muitos casos que envolvem estes crimes.

“A maioria dos abusos é dentro das famílias, dentro das casas e a peça trouxe uma instituição. Ela reflete sobre como os crimes são cometidos por representantes de uma entidade que simboliza a continuidade da família e dos espaços de confiança. A peça traz essa reflexão bem impactante. A arte imita a realidade e o que ela mostra é muito importante. Muitas vezes a gente não tem nem tempo de ir a uma peça e, tendo aqui dentro, ajuda a se conectar com a cultura de uma forma mais acessível”, afirmou.

VM e VS/MB

Foto: Rafael Oliveira/TJRJ