Museu da Justiça aprofunda reflexões na exposição “A partilha do imperador Pedro II”
Da esquerda para direita: o escritor e historiador Paulo Rezutti ; o pesquisador Carlos Lima Junior; bisneto da Princesa Isabel Dom João de Orleans e Bragança e o doutor em História pela UFF Paulo Knauss compõem mesa em seminário realizado no Museu da Justiça
Entre memórias, símbolos e disputas, a exposição “A partilha do imperador Pedro II: Inventário, coleções e diálogos contemporâneos” voltou a ser tema de reflexão no Museu da Justiça. A segunda mesa do seminário, intitulada “O destino das coleções imperiais: circulação e repatriação de bens culturais”, foi realizada na quarta-feira, 20 de agosto, no Salão dos Passos Perdidos.
A curadoria da mostra, que permanece em exibição até o dia 10 de setembro, foi assinada por Paulo Knauss e Marcia Mello. Foram convidados para o debate o pesquisador Carlos Lima Jr., o escritor e historiador Paulo Rezzutti e o bisneto da princesa Isabel Dom João de Orleans e Bragança.
Os participantes compartilharam experiências sobre peças de diferentes épocas, os trâmites para recuperação de acervos e os desafios relacionados à repatriação e à incorporação de bens culturais ligados ao Império em instituições brasileiras.
A diretora do Museu da Justiça, Siléa Macieira, destacou o papel da instituição como centro de memória, com a missão de resgatar o passado, mantê-lo vivo e projetá-lo para as futuras gerações.
“A missão do Museu ultrapassa a esfera institucional do Poder Judiciário e se conecta com a cidade e a história do povo brasileiro. A exposição de Dom Pedro II é considerada um marco e promove uma reflexão sobre o que foi preservado, o que se perdeu e onde estão esses bens. Esse trabalho é a materialização da missão diária do Museu: preservar a memória e transmiti-la”, explicou a diretora.
A mediação da conversa ficou a cargo do curador da exposição, o doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Paulo Knauss. O historiador ressaltou o auxílio de instituições como o Museu Imperial, o Museu Histórico Nacional, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a Biblioteca Nacional, além de destacar a pesquisa realizada para a exposição.
“Esse tipo de estudo, embora trate de temas antigos, permanece extremamente atual. Ela envolve uma discussão sobre os destinos do patrimônio cultural no Brasil e abre horizontes para questões que ainda não têm respostas fáceis, reforçando a importância de revisitar e compreender esses capítulos históricos”, afirmou Knauss.
Trineto de Dom Pedro II e bisneto da princesa Isabel, Dom João de Orleans e Bragança compartilhou histórias pessoais e comentou sobre peças de sua coleção particular. Ele também ressaltou que muitas obras brasileiras permanecem no exterior.
“História é a identidade de uma pessoa, de uma cidade, de um país. É muito importante que o Brasil conheça sua história, e foi possível falar sobre o momento em que meus antepassados foram atores importantes”, completou o descendente da família imperial.
O escritor e historiador Paulo Rezzutti mostrou documentos e algumas curiosidades sobre a relação da família imperial e ainda exaltou a coleção da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. “O acervo conta com mais de mil itens e é um diálogo entre o Brasil colonial, o império e a modernidade”.
Já o pesquisador Carlos Lima Jr. abordou os deslocamentos de documentos e grandes obras brasileiras relacionados ao banimento e ao exílio da família imperial.
VS/IA
Fotos: Rafael Oliveira/ TJRJ