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No sobe e desce, ascensoristas do TJRJ contam seu dia a dia e revelam seus sonhos 
Notícia publicada por Secretaria-Geral de Comunicação Social em 19/09/2025 16h50

Grupo de ascensoristas posam na entrada dos elevadores do Fórum Central

Time de peso: eles transportam centenas de pessoas por dia em todo o complexo do Judiciário Fluminense e agora recebem uma justa homenagem pelo seu dia.

Todos querem concretizar seus sonhos. E, muitos deles, os ascensoristas do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) já conquistaram por meio da profissão. Mover e cuidar de uma máquina considerada um dos meios de transporte mais seguros do mundo faz de uma turma que transporta, diariamente, centenas de pessoas uma união de gente carismática, pronta para ajudar, e que vai à luta para realizar seus sonhos. E tudo isso com pitadas de humor na medida certa, tamanho o número de histórias para contar.

Comemorado no dia 21 de setembro, o Dia do Ascensorista simboliza, contando as histórias de alguns, a homenagem a todos que compõem esse time que, no dia a dia, cumpre sua missão com orgulho e maestria. 

Uma cadeira voadora poderia ser o início de tudo 

Teria o Papa Leão X criado o primeiro elevador de passageiros?   

Por conta de suas dificuldades de locomoção, o pontífice mandou instalar em sua casa, em 1515, uma máquina que ficou conhecida como a” cadeira voadora do Papa”, que o levava para cima e para baixo, tudo feito manualmente.  

De acordo com alguns historiadores, pode ser que tenha nascido ali um ancestral do elevador moderno. E existe até uma métrica de que, a cada três dias, são transportadas ao redor do mundo mais de cinco bilhões de pessoas nos elevadores espalhados pelo planeta. 

Mas, na Justiça do Rio, é a força humana que mantém, nos dias de hoje, essas máquinas funcionando.

Sempre dispostos a ajudar 

O nome dele é Claudio Vieira da Silveira, 25 anos de profissão. Mas quem não conhece o Claudinho, sempre com um sorriso no rosto e disposto a ajudar quem entra e sai das dependências do Fórum Central, no Centro do Rio de Janeiro? 

 Com dois filhos já adultos, ele revela seu maior desejo: que os sonhos de sua caçula, a pequena Maria Isabel, de apenas quatro anos, se realizem.  “No meu elevador, a pessoa chega lá embaixo. Mas, depois, o astral sobe”, brinca Claudinho, com sua marca de todos os dias: o sorriso largo e afeto para dar e vender. 

Ele já decorou as varas cíveis e criminais andar por andar, assim como os locais de julgamento. Tudo para ajudar quem vem ao Fórum em busca de uma informação e entra em seu elevador. Estamos falando de Fábio Marques Ricas do Nascimento, há quatro anos no TJRJ, que adora lidar com o público. 

Fábio conta algumas histórias engraçadas, como a de uma senhora que entrou sem falar nada, e o elevador foi seguindo até o térreo, mas parando em vários andares. Ela quieta, e ele também. Quando a porta abriu, a senhora bateu os pés com força, botou as mãos na cintura e bravejou:  “Onde eu estou? Da próxima vez, o senhor me avisa e fala comigo”!  E, como nunca mais encontrou essa senhora, não teve uma próxima vez. 

E tem outra história protagonizada por Fábio, que vale a pena ser contada - uma entregadora de aplicativo arrancou gargalhadas de um elevador lotado quando disparou: “Você é muito cheiroso! Ah, seu fosse sua mulher! Você não ia trabalhar com esse perfume de jeito nenhum”. Não teve quem não riu da cena, inclusive ele. 

Faculdade, séries coreanas e sonho de conhecer novos lugares

Maria Janaína Mendonça, carioca, mãe, é uma mulher que corre atrás dos seus sonhos. Foi assim que ela conseguiu chegar ao TJRJ. Veio para cobrir umas férias há três anos e, se depender dela, se aposenta no TJRJ. Tudo conquistado com seu esforço. 

Solidariedade é uma de suas características. Maria também ajuda a todos que encontram dificuldades em circular pelo tribunal. “A vida é isso. Um deve ajudar o outro, e adoro meu trabalho”.  Agora, cursa faculdade de Administração e está no sexto período. Passear nos finais de semana ao ar livre, almoçar fora e assistir a séries coreanas estão entre seus programas preferidos. Viajar e conhecer novos lugares está entre seus desejos para os próximos anos, assim como crescer no Poder Judiciário. 

Relações de afeto  

Tempo, espaço, ação e personagem são elementos para a criação de narrativas vivenciadas pelos ascensoristas em um curtíssimo espaço de tempo, entre uma viagem e outra, mas que ficam na memória e no coração dos que convivem por anos com esses profissionais, criando laços e estabelecendo relações de afeto, como revela a juíza auxiliar da Presidência Carla Faria Bouzo.  Ela, que supervisiona a Secretaria-Geral de Logística do Poder Judiciário Fluminense e tem, entre as inúmeras atribuições, a contratação de ascensoristas, é muito respeitada e querida por todos em um misto de admiração e respeito. 

“Estou aqui há vários anos e converso muito com eles. Nesse tempo em que a gente fica no elevador, conversamos sobre família e até sobre futebol. Aqui no Tribunal a gente acaba formando uma família e criando vínculos de afeto com as pessoas. Todos os ascensoristas estão de parabéns. Eles são mão muito bons, atenciosos e fico muito feliz que, para marcar o dia deles, eu possa retribuir a homenagem que me fizeram em participar da foto com um grupo e marcar esse dia”, disse a magistrada. 

Juíza auxiliar da Presidência Carla Faria Bouzo posa ao lado de grupo de ascensoristas

Querida por todos e responsável pelos contratos da SGLOG, a juíza auxiliar da Presidência Carla Faria Bouzo, é homenageada pelos ascensoristas

Encontro inusitado que gerou amizade 

Tem dias em que o universo parece conspirar contra. E o que poderia ser um “dia de fúria” acabou unindo Juliana Trindade de Souza e Nilton Bandeira. E foi um ferro de passar roupa que criou um laço de amizade e gratidão para toda a vida. 

Além de estar muito molhada por conta de uma tempestade que caía na cidade, a então assessora da Coordenaria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Coem), como se não bastasse, levou um “banho” de um caminhão que passava pela rua. 

Ela pensou até em ir a um salão para tentar secar a roupa com um secador de cabelo. Desistiu. Encharcada, resolveu seguir mesmo assim para o trabalho e eis que se depara com Nilton, impecável, próximo aos elevadores. Imaginou que, diante das roupas muito bem passadas, até com vinco, Nilton deveria ter um ferro. E não é que ele tinha? Devido ao episódio, Juliana e seu "salvador", Nilton, tornaram-se grandes amigos. 

"Como é bom ajudar as pessoas, e eu ajudei essa moça com muito alento em meu coração. A felicidade é a mola para a gente trabalhar mais feliz e, aqui no TJ, somos assim: felizes! O Tribunal me deu tudo que eu tenho ao longo de 21 anos de trabalho”, revela. 

                                           Depois de encontro inusitado, Juliana e Nilton Bandeira se tornaram grandes amigos

Passageiros x celular 

José Roberto Ferraz, recentemente, protagonizou uma cena que a cada dia se torna mais frequente: pessoas que ficam grudadas com o rosto no celular e nem sabem se estão indo pra cima ou pra baixo.  “Olha, parece piada! Uma moça que não disse para onde ia e só olhava para o celular fez três viagens comigo e nem se deu conta. Em um certo momento, ela, sem graça, me perguntou: moço, e o meu andar? Eu disse que, além de ela não dizer aonde ia, já era a terceira viagem que ela subia e descia comigo sem perceber. O elevador veio abaixo, todo mundo riu e ficamos amigos", lembra José Roberto. 

O "Família" 

O seu nome é Antônio Bertolino da Silva. Certamente, poucos o conhecem assim. Mas “Família” todo mundo sabe quem é. Pois esse é o nome consagrado por Antônio, ou o “Família”, que há 33 anos trabalha no Tribunal de Justiça, sendo 26 destes comandando um dos elevadores. 

O bordão começou por causa de dois sobrinhos dele.  "Quando vim para cá, dois sobrinhos meus já trabalhavam no tribunal. Era tio prá cá e tio pra lá. As pessoas, então, começaram a me chamar de tio. Aí, eu tive a ideia de chamar todo mundo de 'Família' porque, com a quantidade de sobrinhos que ganhei no TJ, virou tudo uma grande família. E não é que pegou?”, brinca Antônio. 

Mas, com isso, acabou criando também uma técnica. Como não é bom para guardar nomes, ele se livra de errar um nome ou outro, chamando todo mundo de "Família".  Seu maior sonho hoje, aos 68 anos, é ter saúde. 

Parceria, responsabilidade e bem servir

À frente desse grupo, composto por 97 integrantes, está a diretora da Divisão de Administração do Foro Central, Kathia Glazy Ribeiro de Souza.

Para manter alinhada essa equipe, que é motivo de orgulho e elogio por parte do público, são realizadas reuniões com os supervisores mensalmente. Nos encontros, cada ponto é debatido para sempre servir melhor a todos. A fórmula para tanto sucesso, atesta Kathia, é a parceria entre eles, a responsabilidade com o trabalho e o objetivo de servir. 

Aos Joãos, Antônios, Marias, Robertos, Cláudios, Arthures, Niltons e tantos outros, a nossa homenagem nesse dia 21 de setembro àqueles que fazem de suas viagens um exemplo de vida. 

Sobe? 

PF / SF

Fotos: Brunno Dantas e Felipe Cavalcanti/TJRJ