Histórias do futebol brasileiro e da República se encontram no Museu da Justiça 

A sede do Museu da Justiça de Niterói recebeu, na tarde desta sexta-feira, 19 de setembro, a palestra “Breve história da República através do futebol, até para quem não gosta de futebol", apresentada ao público pelo professor de História e Sociologia Marcelo Quaresma, graduado pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Com a “arquibancada” do Tribunal Pleno do Edifício Desembargador Jalmir Gonçalves da Fonte quase completa, o professor Marcelo Quaresma fez um grande passeio, de quase duas horas de duração, por momentos marcantes e questões sociais que fizeram parte da história do Brasil desde o início do período republicano, sempre evidenciado aos ouvintes o seu impacto no futebol brasileiro. 

                                  Professor Marcelo Quaresmabfala sobre o futebol e a República em evento mo Museu da Justiça de Niterói

As origens do futebol

A apresentação começou com uma breve explicação sobre as origens do esporte e a sua chegada ao território nacional, sob forte influência de Charles Miller, um filho de mãe brasileira e pai inglês, considerado o “pai” do futebol brasileiro, trazendo da Inglaterra, no ano de 1894, bolas, uniformes e um livro de regras do esporte que foram fundamentais para a sua introdução no Brasil. Em seguida, passou a relatar aspectos positivos, como a popularização do esporte, que também serviu para revelar problemas como o racismo, a partir do preconceito sofrido por atletas negros, e da misoginia, com as proibições enfrentadas por mulheres que desejavam formar times de futebol. 

Depois da consolidação do futebol como o grande esporte brasileiro, o professor Marcelo demonstrou como as mudanças de governo e as suas diferentes abordagens políticas tiveram impacto direto no que acontecia dentro das quatro linhas, tanto para a Seleção Brasileira como para os clubes, que começavam a reunir cada vez mais torcedores com o surgimento de novas tecnologias, como o rádio. Na década de 1960, a Bossa Nova era acompanhada pelo “futebol arte” liderado pelas conquistas de Pelé e Garrincha. A partir dos anos 1970, as reivindicações dos atletas quanto às suas relações trabalhistas e o uso do esporte como ferramenta política durante o período da ditadura militar. Já nos anos 1980, o professor refletiu sobre as mudanças causadas pela globalização e a abertura econômica, aliados às reformas e crises vivenciadas no Brasil.

“Nesse momento, as interações possibilitaram que os clubes de fora do país pudessem oferecer maiores salários e, com a abertura econômica, os jogadores passaram a ser ‘mercadoria’ também”, relatou o professor. 

Antes do “apito final” da palestra, as mudanças na legislação que permitiram criação de clubes-empresa foram abordadas, assim como a grande participação dos atores políticos no futebol, com as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que investigaram casos de manipulação de resultados e a regulamentação das apostas esportivas no Brasil. 

PB*/SF

*Sob supervisão