Reflexões sobre passado e mudanças no Cinedebate Coleção Antirracista
Evento apresentou a continuação dos quatro últimos episódios do documentário Coleção Antirracista
“É preciso reconhecer o passado e promover mudanças para alcançar outro patamar de sociedade, com mais liberdade e igualdade”. A reflexão é do presidente do Fórum Permanente de Pesquisas Acadêmicas – Interlocução do Direito e das Ciências Sociais da Emerj, desembargador Wagner Cinelli de Paula Freitas, compartilhada durante a 2ª edição do encontro Cinedebate Coleção Antirracista, realizada na Sala Multiuso do Edifício Desembargador Caetano Pinto de Miranda Montenegro, nesta terça-feira, 23 de setembro.
No evento, foi apresentada a continuação dos quatro últimos episódios do documentário Coleção Antirracista, abordando temas como “urbanização como apartheid”, “mulheres negras”, “racismo estrutural” e “branquitude x antirracismo”. O primeiro encontro foi realizado no dia 10 de julho com a primeira parte da série.
O evento foi promovido pelo Fórum Permanente de Pesquisas Acadêmicas – Interlocução do Direito e das Ciências Sociais e pelo Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), em parceria com o Núcleo de Atenção e Promoção à Justiça Social (Napjus), o Museu da Justiça do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e o Centro Cultural do Poder Judiciário (CCPJ).
A mesa de abertura contou com a participação de Cinelli e da vice-presidente do Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais da Emerj e coordenadora do Fórum de Gênero e Raça da Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Amperj), promotora Roberta Rosa Ribeiro.
Luta de toda a sociedade
O desembargador Wagner Cinelli ressaltou a trajetória do TJRJ na criação de cada vez mais ações e atividades antirracistas. Para o magistrado, a luta é da sociedade inteira.
“O tema é fundamental, denso e, ao mesmo tempo, triste pelo passado que foi enfrentado. A cada passo, podemos avançar para garantir uma participação maior das pessoas e uma atuação mais ampla em tudo o que se refere a direitos humanos”, completou o magistrado.
A promotora Roberta Rosa Ribeiro destacou a força do documentário para compreender o racismo como um projeto de poder e política institucional, e não apenas como uma questão individual. Ela ressaltou também a importância de retomar a ancestralidade, compreender padrões históricos sofisticados e reconhecer a permanência do povo negro no presente.
Conscientização e sensibilização
A diretora da obra Coleção Antirracista, a documentarista, socióloga e pesquisadora Val Gomes, destacou que dialogar com o Poder Judiciário é essencial para ampliar o debate sobre um tema tão impactante.
“Quero que todos se sintam impactados ao conhecer o sofrimento que os pretos já enfrentaram na vida. Os episódios servem para conscientizar e sensibilizar o outro. Tenho o objetivo de que os brancos também se empenhem e participem dessa atividade antirracista”, afirmou.
A historiadora e membro do Napjus Tatiana Lima Brandão relembrou que a construção histórica dos negros no Brasil apagou e inviabilizou a população, além de destacar os mais de 300 anos de escravidão e as inúmeras leis de exclusão contra os negros.
VS/ SF
Fotos: Rafael Oliveira/ TJRJ