Pesquisadores debatem fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, que completa 50 anos
Da esquerda para direita: José Luís Honorato Lessa, Luiza de Cavalcanti Azeredo Ferreira e Américo Freire debatem as implicações da fusão entre os estados do Rio de Janeiro e da Guanabara
As implicações da fusão entre os estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, que aconteceu há 50 anos, foi o tema da edição desta quarta-feira, 24 de setembro, do programa “Parcerias do Museu”. O evento reuniu pesquisadores de diferentes instituições para discutir o assunto na sede do Museu da Justiça de Niterói.
Intitulado de “Caminhos e Desencantos: Os 50 anos da Fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro”, o debate foi mediado pelo coordenador de grupos de pesquisa sobre a história fluminense, o professor doutor José Luís Honorato Lessa, docente de graduação e pós-graduação na Universidade Salgado de Oliveira (Universo).
A atividade contou também com a participação do titular da Escola de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais da Fundação Getulio Vargas (FGV), o professor doutor Américo Freire, que enriqueceu o encontro ao conversar com o público sobre as questões políticas que envolveram a fusão dos estados, bem como o papel dos parlamentares que compunham o Congresso Nacional e suas reações à fusão.
Para ele, a decisão de unir os estados foi um experimento. “A fusão serviu como um campo de testes para o conjunto das forças políticas. E dois sinais importantes levam até isso: a nomeação de um interventor militar, sem privilegiar os partidos políticos, e a decisão do Governo de não interferir nas eleições de 1974”.
A doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialista em Política e Planejamento Urbano Luiza de Cavalcanti Azeredo Ferreira também participou da atividade. Ela trouxe aspectos importantes sobre a política urbana do Brasil e do Rio de Janeiro na década de 1970, dando ênfase para as intervenções que ocorreram na Região Metropolitana fluminense a partir das transformações ocasionadas pela fusão.
Luiza destacou que, mesmo com o curto período de tempo entre o anúncio e a consolidação da união dos estados, grupos de trabalho e planejamento, como o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), estiveram aliados a grandes investimentos no Rio de Janeiro, embora esses fatores não tenham sido suficientes para solucionar os problemas e dificuldades já existentes.
“O objetivo do PND era equiparar as desigualdades entre as regiões, mas nós não vimos isso no Rio. O núcleo urbano acabou recebendo a maior parte dos investimentos financeiros e funcionou como uma espécie de vitrine, com o objetivo de fazer valer os interesses do Governo Federal e mostrar serviço.”
PB*/IA
Fotos: PB*/TJRJ
*Sob supervisão