Centro Cultural do Poder Judiciário apresenta poetas Catulo e Ovídio em nova edição do programa Literarius
Da esquerda para a direita, apresentaram a 4ª edição do programa Literarius os palestrantes Pedro Schmidt e Katia Teonia, o desembargador Carlos Gustavo Direito e a mediadora Beatriz de Paoli
“Ter contato e absorver o conhecimento produzido por grandes poetas e interpretar o que foi escrito há muitos anos é importante para a formação de um bom jurista. Evita-se, assim, reproduzir os erros cometidos de outrora”, ponderou o presidente do Fórum Permanente de Estudos Clássicos, Direito e História da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), desembargador Carlos Gustavo Direito. O apontamento do magistrado abriu a 4ª edição do programa Literarius, promovido pelo Observatório de Pesquisas Felippe de Miranda Rosa, do Centro Cultural do Poder Judiciário (CCPJ), nesta quinta-feira, dia 9 de outubro. O encontro, denominado “Catulo e Ovídio: Poéticas do Mito na Poesia Latina”, foi realizado no Auditório da Mútua dos Magistrados, no Edifício Desembargador Caetano Joaquim Pinto de Miranda Montenegro.
A proposta da palestra foi apresentar as obras dos poetas romanos Catulo e Ovídio e a contribuição deles para a literatura ocidental. Catulo foi um poeta lírico que viveu entre 84 e 54 a.C. e escreveu poesias sobre amor e sátira, a partir de uma linguagem mais coloquial. Ovídio viveu entre 43 a.C. e 17 d.C. e se dedicou a escrever obras com os temas da mitologia e do calendário romano. Ambos escreviam em latim, tinham como tema em comum em suas obras o erotismo e renovaram a poesia romana com uma linguagem inovadora para o período.
A professora de Língua e Literatura Latina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Katia Teonia declamou poemas da coletânea de Catulo, trazendo exemplos mitológicos como uma expressão oblíqua do luto. “Nos poemas catulianos, os exemplos mitológicos funcionam como dispositivos estruturantes que intensificam a economia da narrativa poética, reforçando a experiência do sofrimento, dos influentes do luto”, disse.
O professor adjunto de Língua Latina da UFRJ Pedro Schmidt destacou referências a Catulo que Ovídio fez em suas obras, em especial no poema que retrata o casamento das figuras mitológicas Tétis e Peleu no Monte Pélion. “Ao narrar a cerimônia, o poeta descreve os presentes da mata que os convidados levaram para o Monte Pélion, que havia sido desmatado para construção de um navio. Subentende-se, no texto, que Ovídio aponta o poder da literatura para o reflorestamento e nos faz pensar sobre a ecologia e a relação entre humanidade e natureza”, destacou.
Também participou da palestra a professora de Língua e Literatura Grega da UFRJ Beatriz de Paoli, que mediou a aula.
KB/SF
Foto: Brunno Dantas/TJRJ