Exposição no Museu da Justiça é um chamado à reflexão sobre a violência contra as mulheres
Dalia sofreu tentativa de feminicídio por esganadura. O crime foi cometido pelo seu ex-companheiro, que descumpriu medida protetiva de urgência. Ela só recuperou o controle de sua vida após acolhimento em uma casa de abrigo.
Essa é uma das histórias de mulheres retratadas na exposição “Não cale a sua voz”, idealizada pela catarinense Anna Paula Nienkötter Tavares, que também sofreu tentativa de feminicídio e, há cinco anos, coordena o projeto que dá nome à mostra, voltado ao acolhimento de mulheres vítimas.
“A dignidade é ferida quando o direito de existir sem medo é negado. Os direitos humanos são ignorados quando violências são silenciadas, invisibilizadas e normalizadas. A exposição “Não Cale a sua Voz” tem como objetivo trazer à luz as múltiplas formas de violência contra as mulheres e meninas. É um chamado à reflexão e à ação. E eu falo com a autoridade de quem viveu na pele a dor da violência”, ressaltou a curadora.
Através das lentes do fotógrafo Norton José, a mostra — uma parceria do Museu da Justiça com os Comitês de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral, Sexual e da Discriminação (COGEN-1º Grau e COGEN-2º Grau) — retrata 22 mulheres de Santa Catarina, sendo nove delas acolhidas em uma casa de apoio a vítimas de violência.
Na primeira parte da exposição, as imagens em preto e branco revelam os rostos, as marcas e as histórias de quem sobreviveu a situações marcadas pela dor. Na segunda parte, fotos coloridas mostram exemplos de superação.
Abertura
A inauguração da mostra, neste Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12), foi realizada pelos desembargadores Wagner Cinelli, presidente dos COGENs, e Renata França, presidente do Conselho Consultivo do Museu; pela juíza Rita de Cássia Vergette, representante da Amaerj; e pela diretora do Museu da Justiça, Siléa Macieira.
“Os COGENs têm procurado marcar essas datas importantes como o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Trazer esse tema, violência contra a mulher, é tratar da dignidade humana, de princípios muito caros para a sociedade”, ressaltou o desembargador Cinelli.
“O desembargador Ricardo Cardozo, presidente do TJRJ, me chamou, no início da gestão, e disse que queria modernizar o Museu, trazer o público externo para o Museu, porque a vida das pessoas passa pela Justiça. E essa exposição é um momento muito importante”, destacou a desembargadora Renata França.
“Essa é a 24ª exposição deste biênio no Museu da Justiça. O título da mostra é um alerta, uma lição e um aprendizado para todos nós. Então, não calemos a nossa voz”, pontuou a diretora do Museu.
“Que essa exposição, de fato, inspire a todos nós a sermos agentes de transformação. Que lutemos por uma sociedade onde os direitos humanos e a dignidade da pessoa humana sejam inegociáveis. E onde meninas e mulheres possam viver livres, seguras e respeitadas”, concluiu Anna Paula Nienkötter.
Serviço
Visitação: de 10 de dezembro a 20 de fevereiro, de segunda a sexta-feira, das 11h às 17h
Edifício Des. Caetano Pinto de Miranda Montenegro
Rua Dom Manuel, 29 — Centro, Rio de Janeiro/RJ
Classificação indicativa: livre
Entrada Franca
Fotos: Rosane Naylor
Departamento de Comunicação Interna