Políticas sustentáveis no combate à poluição do mar são tema de palestra no Dia Mundial da Água

“Um dos desafios para enfrentar a questão ambiental passa pelo estabelecimento de políticas e também pelas mudanças que cada um pode fazer nas esferas individuais, não apenas em suas casas, assim como no bairro e no trabalho, contribuindo para uma educação que enfatize a cultura de sustentabilidade ambiental”, afirmou o presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, ao abrir, nesta quarta-feira (22/3), a cerimônia em comemoração ao Dia Mundial da Água, do “Projeto Rede Oceano Limpo – RJ – Estratégias para enfrentar a poluição do mar”. 

O evento, realizado pela Secretaria Geral de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do TJRJ, no auditório Desembargador Paulo Leite Ventura, da Emerj, promoveu a palestra “Sustentabilidade, as políticas de intervenção para enfrentar o desafio da poluição do mar”, apresentada pela professora Nathalia de Miranda Grilli, mestre em Oceanografia pela USP e gestora da Rede Oceano Limpo, vinculada a UNESCO. 

 
Durante a abertura do encontro, o presidente do TJRJ ressaltou, ainda, a preocupação e o compromisso do Poder Judiciário fluminense com a sustentabilidade, relatando algumas iniciativas atualmente em estudo pela Secretaria Geral de Sustentabilidade e Responsabilidade Social. 

“Como presidente, embora com mandato de apenas dois meses, meu primeiro ato que levei ao Órgão Especial do TJRJ foi a proposta de reestruturação administrativa, quando criei a Secretaria Geral de Sustentabilidade e Responsabilidade Social, responsável, atualmente, pela discussão de projetos que avaliam iniciativas como a possibilidade de implantação da energia solar em algumas unidades do Tribunal, assim como do reuso da água, entre outras ações que estamos estudando. Multiplicar iniciativas como essas, é papel do Poder Judiciário, enquanto importante ator social, ou seja, incentivar e conscientizar magistrados, servidores, colaboradores e usuários sobre a importância da sustentabilidade”, afirmou o presidente do TJRJ.  
Para um auditório lotado, a palestrante Nathalia de Miranda Grilli iniciou sua apresentação destacando alguns dados, no seu entendimento, não divulgados devidamente, que comprovam a pouca importância que se dá a representação do oceano para a humanidade. 

 
“Nós conhecemos menos de 10% do oceano. Conhecemos mais sobre outros planetas do que o próprio oceano. Sabemos que ele é importante, mas conhecemos muito pouco. Cinquenta por cento do oxigênio que respiramos é produzido pelas algas marinhas do oceano. As escolas ensinam sobre o território brasileiro considerando apenas as áreas terrestres. Mas não ensinam a área de quase 4 milhões de km² de espaço marítimo que também faz parte do nosso território.” 

Para Natalia, uma das saídas para mudar esse panorama de desconhecimento sobre o oceano é incentivar a cultura oceânica desde a escola. 

“Quando a gente não conhece, não se importa; e se não se importa, não cuida; e se não cuidamos, acabamos poluindo. Em relação aos resíduos sólidos ou ‘lixo do mar’, o oceano recebe até três milhões de toneladas de lixo plástico por ano. Isso equivale a um caminhão de lixo por minuto”, alertou.

A professora encerrou sua apresentação destacando o trabalho que desenvolve no Rio de Janeiro, como gestora da Rede Oceano Limpo – RJ.  

“Esse trabalho da Rede Oceano Limpo, além de São Paulo e Pernambuco, e agora no Rio de Janeiro, também está sendo desenvolvido em outros estados, como Paraná, Bahia, Ceará e Amapá. Ele tem o objetivo de articular diferentes setores da sociedade para o estabelecimento de um processo integrado e participativo para produzir e compartilhar informações sobre o lixo no mar. Como resultado desse trabalho nossa proposta é produzir um plano de estratégias para o enfrentamento do lixo do mar no Rio de Janeiro e, como finalidade última, a redução do lixo do mar no estado.” 

A cerimônia em comemoração ao Dia Mundial da Água contou, ainda, com as participações da presidente da Comissão de Políticas Institucionais para Promoção da Sustentabilidade (Cosus), desembargadora Tereza de Andrade Castro Neves; do desembargador Claudio Luis Braga Dell'orto, representando o diretor-geral da Emerj, desembargador Marco Aurelio Bezerra De Melo; da juíza auxiliar da Presidência Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros; e da secretária municipal de Ambiente e Clima do Rio de Janeiro, Tainá de Paula. 

JM/FS

Fotos de Felipe Cavalcanti/TJRJ