Ação social do TJRJ para pessoa com deficiência realiza centenas de atendimentos em dois dias de mutirão de serviços
Maira Cristina da Silva Alves foi ao evento com a mãe em busca de interação, serviços e carinho, recebidos em dose tripla
O segundo e último dia da ação social em homenagem ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência promovida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, através da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (Comai), e diferentes parceiros, movimentou novamente o térreo da Lâmina III durante esta sexta-feira (27/09). Aberta na véspera (26/9), a ação atraiu centenas de pessoas com deficiência ao local em busca dos serviços oferecidos gratuitamente em área de mais de dez mil metros quadrados.
A busca pelos serviços e por orientações foram compensatórias para quem pode resolver percorrer os estandes de atendimentos para obter documentos como Certidão de Nascimento, CPF, Vale Social, tratar da saúde, arrumar um posto de trabalho, tirar carteira de identidade, entre tantos outros serviços disponíveis.
Como destacou o presidente do TJRJ, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, o objetivo foi “oferecer auxílio e orientação, indicar caminhos corretos e mostrar que o Judiciário fluminense está de portas abertas, atento, e pronto para ajudar.”
Para a presidente da Comai, desembargadora Regina Lucia Passos, o evento, realizado pelo terceiro ano consecutivo, demonstrou que acessibilidade e inclusão são temas permanentes para o Judiciário fluminense.
“Essa semente que foi plantada no sentido de abrimos as portas do Tribunal, acho que já está rendendo frutos. Ela foi realmente sedimentada, foi protegida e doravante acho que não tem mais volta. É vedado o retrocesso. E agora é abaixo o capacitismo. Vamos avançar no sentido da promoção da acessibilidade e da inclusão. Não tem mais volta”, afirmou.
Entre as várias pessoas que foram atendidas no decorrer do evento, estão Maria Cristina Mota, de 41 anos, mãe de Jorge, de 12, que possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). Maria Cristina conta que ficou sabendo do evento através de uma amiga que também tem um filho PCD e esteve presente na edição de 2023. “Consegui tirar a identidade dele e atualizei o Vale Social. O atendimento foi ótimo, primeira vez que eu venho e a experiência foi muito boa”, avaliou.
Já Anderson Dias da Fonseca, de 46 anos, que é deficiente visual e já havia participado da ação no passado, aproveitou a oportunidade para renovar o Vale Social e verificar o status de seu CPF. “O evento deste ano está completo e dinâmico. Eu acho que é de uma importância muito grande para a população e tomara que aconteça mais vezes”, disse.
Ofertas de emprego para PCDs
Surdas, as amigas Alexandra, 23 anos, e Rafela, 24, foram ao mutirão em busca de oportunidade de emprego
Entre os diversos serviços oferecidos para pessoas com deficiência, um dos que gerou a maior adesão do público presente foram as múltiplas ofertas de emprego destinadas exclusivamente para PCDs. Antoniel Bastos, presidente do Instituto Rede Incluir, explica que, em parceria com o Ministério Público do Trabalho da 1ª Região e a Superintendência Regional do Trabalho, foram ofertadas 200 vagas de emprego no decorrer dos dois dias.
“Em parceria com o TJ e com a desembargadora Regina Lucia Passos, nós trouxemos o nosso feirão de empregos, exclusivo para pessoas com deficiência. Nós estamos aqui com 10 empresas, que estão com diversas vagas, desde o operacional a vaga para médico PCD. E os RHs que estão aqui hoje, são os RHs avançados, que já fazem a pré-entrevista e até a própria contratação de encaminhamento para a empresa”, explicou Antoniel.
Alexandra, 23 anos, e Rafaela, 24, são duas das pessoas que foram ao evento com a intenção de conseguir uma vaga de emprego. Ambas são surdas e afirmaram ser muito raro haver uma ação desse tipo. “Tá muito difícil conseguir um trabalho hoje em dia. Fiquei sabendo pelo whatsapp, aí eu falei, vou aproveitar. Porque eu quero trabalhar, quero ter experiência no currículo e aproveitar esse tipo de evento”, afirmou Alexandra.
Já Rafaela, contou que também ficou sabendo da ação social através do whatsapp e elogiou a sua acessibilidade: “É muito bom, tem a intérprete também para ajudar, tem clareza em tudo, então a experiência foi boa, eu gostei.”
Celebração de casamento e acalanto
Marcio Henrique aproveitou a oportunidade para oficializar a união de 20 anos com Renata Oliveira Mouta. E levaram a filha Mikhaela, de 9 anos, para testemunhar o momento
Marcio Henrique Pinto e Renata Oliveira Mouta, que se conheceram em um ponto de ônibus, aproveitaram para oficializar uma união que já dura 20 anos e tem a pequena Mikhaela, de 9, como fruto da relação. Marcio, que é advogado, contou que ficou sabendo da ação através do site do Tribunal. “A gente agradece e deixa os parabéns pela iniciativa do Tribunal, foi excelente”, ele relata.
“Esse tipo de evento ajuda muito os deficientes nesse sentido de agilizar e ser mais fácil para todo mundo”, afirmou Renata.
Ainda durante a tarde desta sexta-feira, Sandra Cristina da Silva Alves e Maira Cristina da Silva Alves, mãe e filha, vieram de Madureira e passaram por diversas estações de atendimento. Sandra, de 64 anos, conta que veio em busca de serviços na parte jurídica e de saúde, trazendo Maira, de 37, para receber “acalanto e carinho”, nas palavras da mãe. “Eu vim aqui para buscar essa interação, pois não posso ir em todos esses lugares ao mesmo tempo. Aqui eu posso resolver tudo e está sendo muito produtivo”, relatou Sandra.
Maira já havia recebido uma massagem e feito um novo penteado antes de ser atendida por Maria Coboski da Rosa, de 18 anos, que está no 2° período da faculdade de Odontologia. Ela realizou a aplicação de flúor, além de limpeza com o uso de fio dental e relatou a satisfação em poder estar colaborando: “É a primeira vez que a gente está participando de uma ação social. Eu tenho pessoas com deficiência na minha família e me sinto muito feliz de estar aqui ajudando”.
*VM/PB*
Estagiários sob supervisão de FS
Foto / Brunno Dantas