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Missa no Cristo Redentor abre ação pelos 16 Dias de Ativismo Contra a Violência de Gênero
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 26/11/2024 20:16

O padre Cristiano Holttz celebrou a missa e lembrou a vida de Santa Catarina de Alexandria, vítima de muitas violências por ser mulher em sua vida terrena
 

Uma missa realizada na noite desta segunda-feira (25/11) no Santuário do Cristo Redentor marcou o início da campanha internacional “16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero”. A ação, iniciada por ativistas no Instituto de Liderança Global Mulheres, da ONU Mulheres, em 1991, é apoiada por diferentes atividades e projetos da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Coem), e segue até 10 de dezembro, conectando a luta pela não violência ao Dia Internacional dos Direitos Humanos.  

A celebração religiosa aconteceu na capela Nossa Senhora Aparecida, que fica na base da estátua do Cristo Redentor – iluminada na cor laranja, símbolo da campanha - e foi conduzida pelo vigário colaborador, Cristiano Holtz. Após o encerramento da liturgia, que contou a história da Santa Catarina de Alexandria, o padre convidou o desembargador e primeiro vice-presidente do TJRJ, desembargador Caetano Ernesto da Fonseca Costa, representando o presidente do Tribunal, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, para falar sobre a campanha. 

O vice-presidente agradeceu ao padre por trazer tantas noções de justiça ao contar a história de vida e sofrimento da Santa Catarina de Alexandria, que sofreu diversos tipos de violência na sua condição de mulher, e lembrou aos juízes e juízas presentes à missa de julgar sem venda nos olhos e, longe do pedestal, para assim enxergar com empatia a dor que vem da desigualdade.

“Aqui nos reunimos para celebração relevante quanto à violência nascida da desigualdade que brota do patriarcado. Aqui, o Cristo, de braços abertos, revela o início de abraço franco, apertado, sem diferenças e ressentimentos que queremos. Um abraço de fraternidade, de solidariedade, de amor e de muito acolhimento. De todas as cores, raças, etnias, dos pobres e ricos e de todos os gêneros. Repleto de carinho, de fé e, principalmente, de esperança de mais respeito e solidariedade pelo outro e outra, que nos possibilita amar o próximo e lutar pela justiça, transformada em igualdade e dignidade. Que consigamos enxergar com empatia, sem venda nos olhos e longe de pedestal, a dor que vem da desigualdade, segundo exemplo de hoje da homilia. Que possamos nos inspirar em Jesus e antes de sentenciar o semelhante, escrevamos num papel os nossos próprios pecados. Que o abraço do Cristo nos dê especialmente esperança num futuro muito distante deste patriarcado e dos efeitos nocivos que nos atingem até hoje. A todos e todas, um carinhoso abraço do nosso tribunal “, destacou.

Logo após, a doutora Leila Linhares Barste, professora emérita da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) e membro do consórcio Lei Maria da Penha, disse da sua emoção de ouvir a história de Catarina de Alexandria, onde pode reconhecer as Catarinas do dia a dia que não se tornaram santas, mas que sofrem as violências no cotidiano.

“Que possamos ter em relação a todas as mulheres esse acolhimento e abraço que o desembargador Caetano trouxe para nós. E que possamos assumir um compromisso que esta celebração hoje possa ser levada para nossa vida, para nossa militância, atuação no Poder Judiciário, na Defensoria, no Ministério Público ou na advocacia. Que possamos realmente levar esse conhecimento e reflexão trazida de forma tão bonita para todos nós.”

Em seguida, a desembargadora Adriana Ramos de Mello, coordenadora do Coem, agradeceu a oportunidade de mais uma vez estar no Santuário, que sempre abre o espaço para o Tribunal de Justiça, como também a linda homília com a história de vida da Santa Catarina de Alexandria. Muito emocionada, a magistrada refletiu sobre as notícias publicadas nesta semana de mulheres vítimas de feminicídios.

“Como disse hoje, o momento não é de celebração. É de reflexão. Estamos aqui com a rede de enfrentamento à violência no Rio de Janeiro, com a nossa Polícia Civil, com Dra. Gabriela Von Beauvais, do Departamento-geral de Polícia de Atendimento, com a major Bianca, que coordena a patrulha Maria da Penha. Proferimos as decisões, mas sem essa força de segurança apoiando, acolhendo e entregando orientações, não seria possível o Tribunal desenvolver o trabalho que vem fazendo porque a violência contra a mulher é muito grande. Entre tantas pessoas aqui presentes, agradeço a participação da procuradora de justiça do Estado, Carla Araújo, do desembargador Wagner Cinelli de Paula Freitas, presidente dos Cogens – 1º e 2º graus, que trabalha com violência de gênero”, afirmou.

MF/FS

Fotos de Felipe Cavalcanti