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Do volante de ônibus à toga: a trajetória vitoriosa do juiz Luiz Carlos Veloso, que se aposenta nesta sexta-feira (1º/9)
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 31/08/2023 13:22

Nesta quinta-feira, dia 31 de agosto de 2023, o juiz Luiz Carlos Neves Veloso, 74 anos, veste sua toga pela última vez, encerrando uma rotina de 27 anos. A toga vai para o armário, mas o senso de justiça e de colaboração com a sociedade não. O aprendizado dos livros, do exercício da magistratura e da vida se uniram com a fé inabalável de que é possível vencer obstáculos e tornaram Luiz Carlos um campeão. Um vencedor para os jovens integrantes do projeto social ‘Um dia com o presidente’ que ouviram sua história em visita ao Tribunal de Justiça do Rio, em junho passado; para as centenas de crianças alunas da creche comunitária plantada na Comunidade do Alemão e criada sob sua coordenação; e certamente para os alunos dos cursos profissionalizantes e de pré-vestibular que direcionaram dezenas de jovens da localidade por caminhos rumo a um futuro melhor.  

E não por acaso Don Catelan, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, celebrou, na segunda-feira (28/8), com a participação de 21 padres e 13 diáconos, missa em ação de graças pelos 27 de magistratura de Luiz Carlos, na Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Madureira – bairro onde o juiz trabalha há 11 anos à frente da 2ª Vara de Família do Fórum local. A missa foi uma homenagem ao magistrado, também presidente da Comissão Arquidiocesana dos Diáconos Permanentes do Estado do Rio de Janeiro. 

A celebração consagrou os 27 anos de carreira. Mas, até chegar a vestir a toga Luiz Carlos venceu inúmeros obstáculos. Perseverante, o guri nascido na Piedade, Zona Norte do Rio, e criado pelos avós no Engenho da Rainha, longe dos 5 irmãos, acabou interrompendo os estudos aos 13 anos para trabalhar e ajudar nas despesas da casa onde vivia. Trabalhou de engraxate, em loja de material de construção, fábrica de vassouras, supermercado e trocador de ônibus. Aos 18 anos, se alistou no Exército e aprendeu a profissão de motorista. Virou profissional e no fim dos anos 1960 já dirigia ônibus.  

E foi dirigindo ônibus que encontrou dois caminhos importantes para sua vida: a mulher Carmem, avistada por ele dentro de um coletivo, acendendo um amor que já dura 50 anos; e o trajeto pela Rua do Bispo, onde deixou uma passageira na Faculdade Estácio de Sá. Naquele dia, disse a se mesmo: “É aqui que vou estudar! Vou fazer Direito!”

Incentivado pela mulher, ultrapassou novas adversidades, concluiu a faculdade em 1980. Atuou como advogado por 16 anos, porém sempre acalentando o sonho de ser juiz.  Fez cinco concursos, sendo aprovado no último deles. E no dia 25 de setembro de 1996, aos 48 anos, tomou posse como juiz. Ao longo da carreira atuou nas varas cíveis de Itatiaia, Macaé e nas regionais de Santa Cruz, Campo Grande, Jacarepaguá, Bangu, Ilha do Governador, Méier e no Fórum Central. O encerramento da carreira na magistratura acontece no Fórum de Madureira, na 2ª Vara de Família.

“Saio da magistratura realizado. Para mim, a magistratura veio como uma graça, uma dádiva de Deus. Tenho certeza de que tudo o que passei e todas as experiências que acumulei, nas ações na comunidade, vivenciando os dramas e as conquistas dos moradores, contribuíram para que eu me tornasse um juiz melhor, mais consciente e capaz de analisar uma ação e proferir uma sentença”, reflete o juiz, destacando em seguida um pensamento que sempre impulsionou sua vida e a conquista dos objetivos planejados: “os sonhos não envelhecem!”

JM/FS