O viés da acusação une narrativas da imprensa e da justiça criminal. É o que revela a pesquisa “Mídia, Sistema de Justiça Criminal e Encarceramento: narrativas compartilhadas e influências recíprocas”, que realizou um cruzamento entre notícias e sentenças criminais de 2017 e 2018. O elemento que une os dois tipos de discurso analisados, segundo os pesquisadores, privilegia as vozes das chamadas fontes de acusação, principalmente informações fornecidas pelas polícias.
Em outra análise, foi identificado que em 59% das sentenças uma notícia foi encontrada como fonte de informação na instrução do processo. Em um terço delas, a exibição de um acusado de um crime ou o produto do crime – na televisão, sobretudo – acabou levando a vítima do crime a reconhecer a pessoa como culpada e à abertura de um processo penal com base nesse “reconhecimento”.
Para debater os riscos e impactos desses resultados, que podem até gerar efeitos negativos na presunção da inocência, a revista eletrônica Link CNJ desta quinta-feira (17/6), às 21h, recebe a pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) – que realizou a pesquisa em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – Raquel Cruz Lima e a diretora da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) Kátia Brembatti.
No quadro Uma História, a a juíza Mirza Telma de Oliveira Cunha, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), relembra casos de repercussão, inclusive em âmbito nacional, durante os dez anos em que atuou no Tribunal do Júri. Em um deles, ela se recorda da história de uma criança, que tinha o mesmo nome do pai, condenado por matar a mãe. O homem ficou conhecido em Manaus como “monstro” e o adjetivo negativo impactou diretamente a criança. Inclusive os casos envolvendo menores são os que mais marcaram a juíza do Amazonas.
E ainda tem o giro com as notícias mais importantes que estão rolando nos tribunais e nas redes sociais. O Link CNJ é exibido toda quinta-feira, às 21h, pela TV Justiça, com reprises nas sextas (7h), sábado (12h), domingo (14h) e terça-feira (7h30).
Agência CNJ de Notícias