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Sonho da vida: 186 casais dizem “sim” na Catedral do Rio com apoio do TJRJ
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 27/08/2023 19:12

                                                            Vanessa e Leonardo se uniram formalmente após dez anos do encontro  "da vida" numa festa de debutante

 

O sábado chuvoso na cidade não atrapalhou o brilho de um dia mais do que especial para 186 casais que disseram o “sim” mais importante de suas vidas. Organizado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o casamento comunitário realizado neste sábado (26/8), na Catedral Metropolitana, no Centro da capital, realizou o sonho de pessoas de diferentes idades e perfis que tinham como um grande empecilho para oficializar as uniões a falta de recursos. As uniões civis foram formalizadas por um grupo de juízes voluntários.

Noivas e noivos foram recebidos em um ambiente que esbanjava amor e delicadeza em cada detalhe: painel de corações, decoração com plantas, tecidos de voile branco, bolo florido cercado de delicados arranjos de vela, e, ainda, a música do coral Amigos do Tribunal de Justiça, regido pelo maestro Welilngton Ferreira. E não faltaram fotos, filmete e “selfies” para registrar o grande dia em um cenário preparado especialmente para eles.

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, destaca que a realização dos casamentos comunitários se insere no crescente papel social do Judiciário junto aos cidadãos fluminenses. 

“Um dos objetivos de minha gestão é aproximar a Justiça da sociedade. E os casamentos comunitários nos permitem realizar o sonho de centenas de pessoas. É uma felicidade para os noivos e, também, para o Tribunal de Justiça do Rio, que cumpre, assim, uma de suas missões”, ressalta o desembargador Ricardo Cardozo.

E embalados ao som de canções românticas, como “Amor I LoveYou”, de Marisa Monte; “Linda Demais”, do grupo Roupa Nova; “Como é Grande o Meu Amor por Você”, de Roberto e Erasmo Carlos; e “Maria, Maria”, de Elis Regina, entre outras, que os casais viveram momentos inesquecíveis e, para muitos, esperados há anos. 

Foi o que aconteceu com Vanessa Alves de Araújo, de 25 anos, e Leonardo Silva Zerbinato, de 26, moradores de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Na adolescência, ela foi a uma festa de debutante para celebrar o aniversário da prima e, lá, conheceu um convidado “penetra” que viria a ser o amor da sua vida, com quem casaria dez anos depois. A coordenadora de creche de educação infantil e o estoquista de restaurante, que também trabalha como motorista, já moram na mesma casa e financiam juntos o imóvel em que residem e um carro, mas faltava algo a mais. 

“É importante regularizar a união também por planos de saúde, essas questões. Estar tudo organizado para a chegada de filhos, que pensamos em ter, facilita para nós”, disse ela, que agora sonha em passar para o concurso de magistério do Município. Já Leonardo está fazendo o concurso da Polícia Militar, instituição a que deseja pertencer em breve.

                                                 Amor de primeira hora: Rogério foi o primeiro da fila para casar com Carla com aval da juíza Maria Aparecida da Costa Barros

 

Primeiro na fila para o casório, Rogério Monteiro chegou ao local às 5h da manhã, quatro horas antes do horário previsto. Sua noiva, Carla Fernandes, nem conseguiu dormir à noite, ansiosa pelo grande dia. O par se conheceu no Ensino Médio, na escola em que o pai dela era inspetor

“A parte mais emocionante da nossa história é a gente conseguir se casar. Eu conheci a Catedral pela igreja comunitária do meu bairro. Lá me informaram que teria um casamento comunitário aqui. Eu vim ao templo, fiquei encantada e determinei que casaria aqui”, contou Carla.

 “São 37 anos juntos com muito amor e muita vontade de nos casar. Temos dois filhos juntos e eu costumo dizer que ela é minha eterna namorada. Estamos emocionados. Convidei como testemunhas o meu irmão e a minha cunhada. Quando eles se casaram, nós é que fomos as testemunhas deles também”, completou Rogério.  
 

Pandemia, falta de recursos, “enrolação” e chegada de bebê


A pandemia adiou os planos de casamento da auxiliar administrativa Juliana Sarro, de 23 anos, e do autônomo Douglas Carvalho, de 31. Moradores de Santa Cruz e juntos há seis anos, souberam da oportunidade de formalizar o casamento sem custo pelo Instagram, na mesma rede social que os uniu. “Nós nos conhecemos em um restaurante. Cada um estava com seus primos. Foi paixão à primeira vista e ele pediu para falar com meu primo, que deu meu perfil no Instagram escondido. Então, trocamos mensagens e foi ali que tudo começou”, compartilhou a noiva.  

E diante da oportunidade de se tornar a senhora “da Costa”, a protética Simone Machado Laranjeiras não perdeu tempo. Quando perguntada pelo juiz se queria incluir o sobrenome do marido, Paulo Eduardo, o “sim” foi imediato.  A profissão uniu Simone, de 38 anos, e Paulo, de 34, moradores de São Gonçalo, na Região Metropolitana, e juntos há 12 anos. Eles se conheceram numa festa que reuniu colegas de profissão e acabou se apaixonando. Hoje, são pais de um menino de 11 anos.  

“Casar era um sonho antigo. Demoramos bastante, a questão financeira era um obstáculo. O que muda é uma segurança agora do casamento. Até já indiquei para pessoas da família participarem do projeto no ano que vem”, revelou a noiva. 

Juntos por 13 anos juntos e pais de uma menina filha de sete, a assistente administrativa Monique de Souza, de 32 anos, e o gerente de loja Leandro Athayde da Silva, de 54 anos, de Higienópolis, contaram que adiaram o sonho do casamento por questão financeira. E neste sábado aproveitaram a oportunidade para compartilhar o momento com toda a família – foram com eles as mães, tios, tias, comadre.  “Custou tanto tempo que vieram testemunhar”, brincou Monique.  

E depois de 25 anos “enrolando” a companheira Iracélia Magalhães, de 47 anos, como ela mesma contou rindo, o porteiro Francisco Camelo, de 59 anos, enfim mudou seu estado civil. E levou a filha, Isadora Maria, de 24 anos, para testemunhar o grande feito, possível graças a uma condômina do prédio em que trabalha, que soube da oportunidade e o avisou. Assim, o casal, que se conheceu na cidade-natal de ambos, Santa Quitéria, no Ceará, pôde, enfim, se chamar oficialmente de marido e mulher.

                                                                                Raquel e Eduardo, juntos há 12 anos, se casaram à espera do primeiro filho

 

Grávida do primeiro filho, a dona de casa Raquel Oliveira do Nascimento, de 40 anos, casou-se com Eduardo Silva do Nascimento, motorista de ônibus de 46 anos, seu namorado por 12 anos.  Os dois ainda não sabem se o primeiro filho do casal será um menino ou menina, mas já escolheram um nome se chegar uma pequena à família: Sofia Vitória.  

 

Magistrados partilham a felicidade dos casais

 

Voluntário da iniciativa, o juiz Antônio Luiz da Fonseca Lucchese (abaixo) não esquece um casamento que celebrou em uma edição anterior do evento. Momento marcante em sua carreira, oficializar a união de um casal surdo-mudo foi muito simbólico para o magistrado. 

 

“Foi um casamento diferenciado, que tive que fazer com a participação de um intérprete de linguagem de libras para que eu pudesse entender, como juiz, a livre manifestação de vontade, que é um dos requisitos para a celebração de um casamento, de ambos os nubentes. Foi uma história de amor linda, de muita emoção, com a forma como eles estavam ali e a participação do intérprete, que foi um olhar do cuidado que o Estado está tendo justamente para a inclusão de todos. Foi uma história que me marcou, um casamento muito bonito”, contou o magistrado, que é casado há dois anos e considera o casamento uma celebração do amor.  

Tendo participado de cerca de dez casamentos comunitários, Antônio Lucchese diz que este é um projeto para o qual, sempre que possível, está disponível, pois é onde presencia, no Judiciário, o sim das duas partes.

“É um momento de alegria, de felicidade. Fiquei muitos anos na área criminal, com tantas mazelas, e aqui, muito pelo contrário, é um momento em que o juiz se sente feliz porque ele vê a alegria no olhar de ambos os nubentes”, afirmou.  

A juíza Ane Cristine Scheele Santos participa das ações sociais do TJRJ há mais de dez anos e já oficializou tantos casamentos que nem se lembra mais do número. Entretanto, afirma que o evento traz sempre uma novidade e um sentimento de gratidão se renova a cada vez. 

“Eu já atuo há muitos anos nos casamentos comunitários e na Justiça Itinerante, mas cada ação que a gente faz renova o propósito de estar aqui. Eu sou muito grata por poder estar ajudando. A gente sempre vê histórias de pessoas muito humildes que passam anos e anos juntas, mas que não formalizaram por questão financeira ou por alguma outra circunstância”, destacou.   

Já o juiz José Maurício Helayel Ismael participou da iniciativa pela primeira vez. 

“Entendo que é muito importante porque é uma forma de os casais tornarem solene a união estável, conseguir transformá-la em casamento de uma forma prática, acessível”, disse.  O juiz explicou ainda o impacto jurídico de mudar o estado civil. 

“A união estável é uma situação fática, os casais hoje em dia que vivem em união estável têm os mesmos direitos que o casal que já está casado. A diferença é que, a partir do momento em que oficializa esse casamento, no aspecto legal, já está tudo por escrito, não necessita de oitiva de testemunhas para poder comprovar aquela relação do casal, não necessita de nenhuma outra comprovação extra autos, porque já está tudo oficializado perante a Justiça e o cartório”, citou ele, casado há seis anos, com uma filha e a segunda a caminho.  

O diretor do Departamento de Sustentabilidade da Secretaria Geral de Sustentabilidade e Responsabilidade Social (SGSUS) do TJRJ, Luiz Felipe Fleury Corrêa, esteve na ação e falou sobre a oportunidade que o Tribunal de Justiça do Rio ofereceu para os que têm um recurso financeiro mais limitado de realizarem o sonho do casamento. 

“A Secretaria Geral de Sustentabilidade já participa desses eventos há muitos anos em parceria com a Catedral Metropolitana. E o evento proporciona a pessoas hipossuficientes a oportunidade de se casarem. Os juízes voluntários que vêm aqui contribuir para que essas pessoas, que já vivem em um relacionamento, possam formalizar isso em um casamento”, pontuou.   

 A diretora do Departamento de Acesso à Justiça da SGSUS, Andrea Christina Vaz Barbosa, também participou da cerimônia e relatou a importância de eventos como esses para promover e estimular o bem-estar, a vida e a família, assegurados pela Constituição. 

“Essa ação fortalece a instituição familiar. O Artigo 5º da Constituição fala do nosso dever de zelar e primar pela família, pelo bem-estar e pela vida. E o Tribunal de Justiça desempenha fielmente seu papel em fortalecer essa instituição a partir da ação. Estamos aqui promovendo a inclusão social e contamos hoje com servidores, colaboradores e magistrados que também atuam conosco”, contou. 

Também parceiros do evento, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) forneceram o bolo e fotógrafos para fazer os registros dos casais. O casamento contou ainda com a participação dos juízes Maria Aparecida da Costa Barros, Priscila Fernanda Miranda, Juliana Cardoso Monteiro de Barros, Lysia Maria da Rocha Mesquita, Vitor Moreira Lima, Cláudia Maria de Oliveira Motta e Florentina Ferreira Bruzzi Porto.  Estiveram presentes também outros representantes da SGSUS, organizadora do evento, como o auxiliar administrativo Gabriel Fernandes do Amaral, responsável pela decoração.  


SP/ KB, sob supervisão/FS
 
Fotos: SP/KB