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Família é condenada por golpe milionário em viúva de colecionador de arte
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 09/05/2024 20:50

A 23ª Vara Criminal do Rio condenou nesta quinta-feira (9/5) cinco membros da mesma família acusados de dar um golpe milionário em Geneviève Boghici, viúva de Jean Boghici, que morreu em 2015 e era considerado um dos mais importantes colecionadores de arte no Brasil. 

Na sentença do juízo da 23ª Vara Criminal da Capital, a quadrilha foi condenada por estelionato, extorsão, roubo e associação criminosa. Entre os condenados, a pena mais alta, de 45 anos 9 meses, foi para Rosa Stanesco Nicolau, a “Mãe Valéria de Oxóssi”, que cumpria prisão preventiva.

Gabriel Nicolau Hafliger, filho de Rosa, recebeu pena de 13 anos e nove meses; Diana Rosa Stanesco Vuletic, meia-irmã de Rosa, de 7 anos e 4 meses de prisão. A mesma pena foi aplicada a Jacqueline Stanesco, prima de Rosa e Diana, e Slavko Vuletic, pai de Diana e padrasto da Rosa, condenado a 5 anos e 8 meses. Os réus cumprirão suas penas em regime inicial fechado, com exceção de Slavko, que ficará em regime semiaberto.  Foram expedidos mandados de prisão para todos eles.

Segundo a denúncia, dos R$ 724 milhões do golpe, entre pagamentos sob extorsão, e roubo de diversas obras de arte, foram recuperados R$ 303 milhões.  Como forma de reparar os danos causados à vítima, estimados em R$ 421 milhões, a juíza determinou o confisco de todos os bens móveis e imóveis dos réus, além dos valores em conta bloqueados.

Sabine Boghici, filha de Geneviève Boghici, apontada como uma das responsáveis pelo golpe contra a mãe, morreu em setembro do ano passado, depois de cair de um prédio na Zona Sul do Rio.

Sabine foi presa em 2022 e, depois, ganhou liberdade provisória. De acordo com a investigação, ela roubou 16 quadros, incluindo obras de Tarsila do Amaral e de Di Cavalcanti, do acervo do pai. 

O golpe

De acordo com a investigação, Sabine elaborou todo o plano, no início de 2020. O primeiro passo foi contratar uma mulher para abordar a mãe no meio da rua e alertá-la sobre uma morte iminente na família — no caso, a da própria filha.

Essa mulher, que se disse vidente, levou a idosa a outras duas comparsas, apresentadas como uma cartomante e uma mãe de santo, que confirmaram a previsão e sugeriram que ela pagasse por “um trabalho” para salvar a filha.

Assustada, a mãe contou tudo para a filha. Sabine, então, prosseguiu com o plano e fingiu ficar apavorada, suplicando para a mãe fazer o trabalho espiritual. A mãe obedeceu e fez, em um intervalo de 15 dias, pagamentos que totalizaram R$ 5 milhões.

Depois do início do “tratamento espiritual”, Sabine começou a isolar a mãe dentro de casa, dispensando funcionários e prestadores de serviços domésticos.

No início de fevereiro, contudo, a mãe de Sabine começou a perceber que a filha tinha relação com as supostas videntes e parou de fazer os repasses.

Sabine começou a agredir e ameaçar a própria mãe, que só então percebeu o plano.

Processo: 0196295-36.2022.8.19.0001

AB/MB