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Acusados de praticar aborto que levou à morte de gestante são julgados nesta quinta-feira
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 09/08/2018 19:49

Está sendo realizado nesta quinta-feira, dia 9, o julgamento dos acusados pela morte da auxiliar administrativa Jandira Magdalena dos Santos Cruz, que morreu após realizar um aborto em uma clínica clandestina. Os acusados respondem por homicídio simples com dolo eventual (quando se assume o risco de causar a morte), omissão de cadáver, formação de quadrilha e aborto.

A pedido da defesa dos réus o processo foi desmembrado, por isso apenas três pessoas estão sendo julgadas hoje, das dez que foram denunciadas pelo Ministério Público: Carlos Augusto Graça de Oliveira, que realizava os abortos e se apresentava como médico, apesar de não ter concluído o curso de Medicina, Rosemere Aparecida Ferreira, acusada de ser a líder da quadrilha, responsável por organizar e dirigir a clínica clandestina, e Vanusa Vais Baldacine, que era responsável pelo transporte das “pacientes” do local de encontro até a “clínica” – que, na verdade, era uma residência - e que buscou Jandira na rodoviária de Campo Grande para levá-la para a cirurgia.

Quatro testemunhas foram ouvidas: dois policiais civis que participaram das investigações; uma mulher que foi à clínica no mesmo dia em que Jandira morreu, porém desistiu de fazer o aborto e o frentista que teria vendido a gasolina - supostamente usada para destruir o corpo de Jandira - para o acusado Marcelo Eduardo.

Dos três acusados, apenas Rosemere aceitou ser interrogada. Ela confirmou a formação de quadrilha para a prática de aborto, assim como o trabalho na clínica clandestina. Contou que, após ser constatada a morte de Jandira, todos os que estavam no local abandonaram a casa. Ela teria, então, ido até um sítio procurar o réu Luciano Pacheco, apontado como sendo miliciano, que aceitou se desfazer do cadáver. De acordo com Rosemere, ela teria deixado o corpo de Jandira no sítio e não teve nenhuma participação na ocultação e destruição de seu cadáver.

Carlos Augusto e Vanusa usaram o direito de se manterem calados durante o interrogatório. O Ministério Público, no entanto, exibiu um vídeo com o primeiro depoimento do “médico”, onde ele confirmava que realizava abortos na clínica clandestina e que recebia R$ 600, 00 por cada procedimento. Ele também afirmou que abandonou o local quando constatou a morte de Jandira.

Após o interrogatório dos réus, começou a fase de debates entre Ministério Público e defesa. Ao final, os jurados se reunirão na sala secreta para darem seu veredito. O júri está previsto para terminar na madrugada desta sexta-feira, dia 10.

Jandira morreu no dia 26 de agosto de 2014 e seu corpo foi encontrado mutilado e carbonizado dentro de um carro um dia após o crime, em Guaratiba, zona oeste do Rio. O júri acontece no 4º Tribunal do Júri do TJRJ.

SF / JM