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Ministro Barroso destaca luta pelos direitos das mulheres em exposição sobre o feminismo no Rio
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 31/05/2019 19:29

 

Poucas transformações foram tão significativas quanto a ascensão dos direitos da mulher. O reconhecimento é do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso (ao centro) durante o encerramento da exposição ‘Mulheres, a Hora e a Voz’, no Centro Cultural do Poder Judiciário – Museu da Justiça realizada nesta sexta-feira (31/5). 

- Essa é uma luta permanente, um processo ainda inacabado – afirmou Barroso.

O ministro citou que, antigamente, as mulheres viviam situações constantes de submissão - só podiam trabalhar com autorização dos maridos, deviam casar virgens, eram obrigadas a incluir o sobrenome do marido quando casavam - e que, com a Constituição de 1988, ocorreram relevantes transformações no papel da mulher no direito brasileiro. 

Para ele, no entanto, ainda há muito avançar, como no caso de temas como a violência doméstica e a criminalização do aborto.

- Ninguém em sã consciência é a favor do aborto. É um tema muito delicado por envolver questões pessoais e religiosas. Há o papel do Estado para evitar que ele aconteça, com educação sexual, contraceptivos. Mas a mulher deve ter o direito de fazer esta escolha porque só ela engravida. O papel do Estado deve ser o de assegurar com que cada um viva a sua convicção – disse.   

Barroso lembrou ainda que o machismo continua presente no cotidiano da sociedade brasileira.

- É frequente interromperem a mulher quando ela está falando -, exemplificou, citando também que, muitas vezes, a mulher é reconhecida por sua beleza, mas não por sua competência profissional. 

- Este talvez seja o mais difícil de romper: o que já é das relações cotidianas, já naturalizado. 

 

A socióloga e cientista política Jacqueline Pitanguy (foto acima), que teve sua atuação destacada na exposição, retratou um percurso vitorioso pela democracia e pela justiça social. 

- Infelizmente, não é devidamente conhecida, porque é uma história das mulheres. Celebramos as conquistas com plena consciência de que elas não são permanentes - afirmou. 

Ícone do movimento feminista brasileiro, Jacqueline fez uma retrospectiva histórica da luta pelos direitos das mulheres no país, que começou na década de 70, em plena ditadura, em um contexto de violência doméstica, preconceito em relação à sexualidade feminina, discriminação no trabalho, subalternidade no casamento.

- É importante reconhecer e celebrar vitórias como exemplo de um longo e árduo trabalho. Vejo essa exposição como uma memória para o futuro – destacou, alertando que ainda há muito por que lutar.

Ao longo da sexta-feira visitantes da exposição viajaram no tempo através dos painéis com imagens e falas de mulheres que tiveram destaque na luta pelos direitos femininos. 

 

A visita mediada pela advogada e coordenadora da Campanha Mulher e Constituinte do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), Comba Marques Porto (blusa preta), e pela curadora da exposição Silvia Monte também contou com a participação da juíza titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Adriana Ramos de Mello (casaco branco), que encerrou o evento e destacou o sucesso da exposição.

- A minha luta contra a violência doméstica tem 18 anos. Então, eu já conhecia a maioria dessas mulheres e tinha uma noção da dimensão da importância que elas tiveram na Constituinte. Com a exposição, ficou ainda mais claro o papel que elas desempenharam, a luta que travaram, o preconceito, a discriminação enfrentada naquela época. Devemos todos esses avanços a essas mulheres, por isso esta exposição é tão especial. 

SP/MPM/FS

Fotos: Felipe Cavalcanti
 

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