Adolescentes e jovens participantes do "Descobrir-se" posam com juíza Lysia Maria (centro) e a equipe de profissionais da 1ª VIJI e os colaboradores da iniciativa 

Uma experiência inovadora, acolhedora, que visa resgatar e fortalecer a autoestima, além de oferecer a chance de ingresso no mercado de trabalho para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, com baixa escolaridade ou portadores de deficiência cognitiva, acolhidos ou não.  Assim é o “Projeto Descobrir-se”, iniciado nesta terça-feira (1º/10) pela 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso.

“O projeto tem por objetivo oferecer a esses jovens, alguns deles abrigados, uma oportunidade de descobrir um propósito para suas vidas. A ideia é que o conteúdo diversificado ofertado os ajude a encontrar aptidões e permita a criação de possibilidades novas de vida”, destacou a juíza Lysia Maria da Rocha Mesquita, idealizadora e coordenadora da iniciativa.

          A juíza Lysia Maria Mesquita, titular da 1ª VIJI, explica para a turma do "Descobrir-se" quais os objetivos e benefícios do projeto

A turma piloto, que terá a duração de 14 meses, conta com dez adolescentes e jovens com idades entre 14 e 20 anos, foi montada com apoio do Banco de Estágios, Cursos e Acompanhamentos, através do Programa Jovem Aprendiz. A empresa parceira, no caso, é a Singular Gestão de Serviços Ltda., que ofereceu as cotas das bolsas do Jovem Aprendiz no valor de cerca de R$ 650, mais as passagens. O Senac, também signatário da iniciativa, é a instituição pela qual será ofertada a formação teórica da primeira turma do “Descobrir-se”, o que inclui aulas Português e Matemática, entre outras disciplinas, duas vezes na semana.

E, nas dependências da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, o projeto ganha inúmeros integrantes, desde servidores responsáveis por setores da Vara, como também psicólogos, comissários, assistentes sociais, Museu da Justiça, e projetos como o Empoderadas (Uerj) e a Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte Manoel Dionísio.

É através desses colaboradores participantes da iniciativa que os adolescentes e jovens vão aprender sobre o funcionamento da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso. Todos irão presencialmente ao local, três vezes por semana, e lá passarão por diferentes setores, como recepção, cartório, portaria e mensageria, por exemplo, tendo como orientar o servidor que se uniu ao projeto. Ao final de um período, os jovens trocam de setor, de modo que todos passem por todos os departamentos. Além desse aprendizado, os alunos terão oficinas de dança, arte, teatro, trancismo e barbearia, por exemplo, e, claro, palestras. Todos os participantes do grupo estão estudando e um deles já concluiu o Ensino Médio.

Manoel Dionísio, diretor e professor da Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte, promoveu uma apresentação de alunos mirins na abertura do "Descobrir-se" e convidou os jovens do projeto a dançar em sua escola 

Uma nova expectativa de vida

Com a ansiedade típica da juventude, os integrantes do grupo disseram estar entusiasmados com o projeto. Para boa parte deles, a passagem pelo “Descobrir-se” pode significar um ofício para o futuro. “Acho legal participar. Estudo através do Peja e preciso olhar para frente. Vou precisar trabalhar”, diz uma das jovens participantes, de 16 anos, moradora de abrigo, onde vive há quatro meses com sua filha bebê.

E já tem gente fazendo planos para o futuro salário. “Vou guardar uma parte e gastar um pouco comigo. Mas sei que preciso guardar, pois quero fazer faculdade”, diz um rapaz, de 20 anos.

Em comum no grupo, o sonho por dias melhores, uma vida mais acolhedora no futuro e, claro, direção para seus passos no mundo. Como destaca a juíza Lysia Maria da Rocha Mesquita, “é chegada a hora de cada um deles descobrir-se.”

FS/MB

Fotos: Brunno Dantas/TJRJ